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domingo 19 maio 2024
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CASO PATRÍCIA – Delegado relata requintes de crueldade no assassinato da menina

Por Benhur Santin
O delegado Gustavo Vilasbôas Ceccon, titular da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Captura (Defrec), visivelmente exausto pelo trabalho de investigação que durou uma semana, em entrevista ao AU Online na tarde desta terça-feira (03) fez uma avaliação da elucidação do quarto homicídio ocorrido este ano, em Erechim e que culminou na morte de Patrícia Sosin de Oliveira e a prisão de seu assassino.
A investigação
O Delegado relatou que a investigação, inicialmente foi realizada pela 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP) em até um determinado momento por se tratar inicialmente de um desaparecimento de pessoa. “Sempre há a suspeita de homicídio, mas acontecem muitos desaparecimentos e a pessoa na maioria dos casos acaba voltando para casa, mas no decorrer da investigações, começava a aparecer indícios fortes de homicídio, quando a Defrec passou a prestar apoio à 2ª DP”, disse o Delegado.
A partir deste momento, ambas as delegacias iniciaram um trabalho de traçar o caminho que a menina teria utilizado até seu desaparecimento e as pessoas que a viram por último e que tiveram contato com ela, momento em que se chegou no nome de Marcos da Rosa e a solicitação de um mandado de busca e apreensão na casa do suspeito.
“Necessitávamos de elementos que dessem a certeza que ele teria estado com a menina”, relata Cecon. “Conseguimos as roupas que ele que supostamente teria usado no crime e com apoio de testemunhas, foi representada por prisão temporária, principalmente para que ele auxiliasse a Polícia nas buscas pelo corpo”.
Mesmo com o suspeito em custódia da Polícia, e a Defrec assumindo o caso pela confissão do assassinato,,os policias tiveram dificuldade para encontrar o corpo devido a área ser muito grande. “Dividimos as buscas em dois grupos, um deles para a parte investigativa e o outra para as buscas, em cima das declarações do suspeito, que erram checadas sobre sua veracidade, ou não”.
Diante de certa resistência de Rosa para colaborar com as buscas, já tendo declarado não se lembrar do local em que teria deixado o corpo, o suspeito, quando levado a Capo-Erê, na manhã desta terça-feira, acabou por dar uma idéia da região em que o corpo de Patrícia teria sido abandonado.
“Ele disse que tinha despertado certa raiva de Patrícia por ela ir ate a casa dele para cobrar dividas, mas não nos convenceu tal motivação”.
Requintes de crueldade
No decorrer da investigação o suspeito já preso declarou à autoridade policial que teria cortado a garganta da menina e depois teria desferido contra ela diversa estocadas no peito e teria esperado ela morrer, agonizando, na sequência a violentando e, por fim a enterrando.
No entanto o Delegado não está convencido desta versão, que ele a teria estuprado apenas depois de morta e aguardará o laudo da perícia para comprovar sua suspeita.
“Há certa dúvida se ele abusou sexualmente dela antes da matá-la pois tudo indica que a menina ao ser estuprada tentou reagir e nesta reação ele acabou tendo que matar esta criança”.
Segundo depoimento de Rosa, a menina caminhava sozinha, sem um rumo, de certa forma passeado, quando ele a viu e, vendo que realmente estava sozinha, se aproximou e começou a conversar. “Sendo vizinho, morando na mesma rua, conversaram normalmente. Ele relatou que ela teria dito que estaria triste, pensando até em fugir, quando perguntou se ela não preferia morrer”. Ela teria rido, não levando a sério e então puxou-a pelos cabelos e levou-a ao mato onde ocorreu o crime.
“Foram momentos difíceis” relata o Delegado. “Sabíamos que sem a localização da menina por parte do criminoso seria muito difícil encontrar o corpo, cuja negociação com a família dele, que a convenceu a se entregar, proporcionou um novo rumo ao desfecho do caso Mesmo assim, diversas informações e declarações do suspeito eram mentirosas, sabíamos disso, mas deixávamos ele falar e começamos a trabalhar com base naquilo que era verificado ser verdadeiro”.
Por fim, a Polícia Civil levou-o até o local, quando ele mostrou o lugar em que tinha cometido o assassinato e deu pistas da região onde o corpo deveria se encontrar.
O assassino
“Doente e bandido”, avalia o Delegado. “Aparentemente apresentou comportamentos complicados, que não são de pessoas normais. Além de ter um histórico de abusos contra crianças, tem desvio de personalidade, não é normal e além disso é bandido porque nem todos que tem problemas psicológicos são criminosos. Uma personalidade maligna”.
Quanto aos abusos, Ceccon relatou que poucos casos vão para frente. “Muitas crianças são abusadas, familiares geralmente estão envolvidos, as pessoas não denunciam e acamam protegendo o agressor não o denunciando”.
Há diversos relatos de crianças abusadas por marcos que não chegaram ao conhecimento da Policia, com exceção de uma delas. que tramita na Justiça. “Seriam muitas outras além desta que morreu e esta que está sendo investigada”, diz.
Embora ele tenha falado que o crime teve a cumplicidade de outra pessoa, a investigação acredita que esta hipótese está descartada.
” A Investigação fugiu da regra por ter sido feita ao contrario neste caso e isto acarretou uma dose grande de dificuldade”. avalia Seccon. “Cada um homicídio é um desafio e não tem formula pronta. Neste caso prendemos o suspeito e depois encointramos o corpo e mais uma vez respondemos à comunidade”.
Agora, o delegado Ceccon solicitará a Justiça que a prisão temporária seja transformada em preventiva, cujo inquérito deverá ser concluído em 10 dias. “10 dias será suficiente para encaminhar o processo ao Judiciário”, encerrou Gustavo Ceccon.
O caso
Patrícia Aparecida Sosin de Oliveira teria desaparecido na quarta-feira (28), quando teria sido vista pela última vez caminhando próximo a uma lavoura de soja na estrada de acesso ao Distrito de Capo-Erê, onde morava com seus familiares.
Desde então foi desencadeada diversas ações por parte dos órgãos de segurança, com apoio da comunidade local para descobrir seu paradeiro, quando foram realizadas buscas interruptas à menina nesta região.
Após intensa investigação da Polícia Civil, foi decretada a prisão temporária de Marcos Antônio da Rosa, apontado com o principal suspeito de envolvimento no caso.
Sabendo que a Polícia o procurava, cujo órgão dispunha de um mandado judicial de prisão, Rosa se entregou à Polícia na madrugada da última segunda-feira, quando confessou ter matado a menina, mas após estuprá-la e enterrá-la por duas vezes, abandonou o corpo em local que não conseguia lembrar.
Na manhã desta terça-feira, o bandido, cujo histórico contém outros casos de abusos sexuais contra crianças, foi levado em diligência sob fortíssimo aparato policial, aos protestos da população que exigiam justiça, ao local do crime. ele teria mostrado o local em que assassinou a garota, mas mesmo não sabendo precisar onde teria deixado o corpo, deu pistas da região que a menina teria sido deixada, fato que culminou com a descoberta do corpo da menina
Fonte AU Online



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