Cansaço, febre, tosse, dor de cabeça e, em alguns casos, problemas pulmonares graves são comuns
Altos e baixos
“Você tem a impressão de não ver luz no fim do túnel”, comenta um profissional que atua com medicina do trabalho na capital francesa. Segundo ele, é importante que os pacientes sejam orientados para que descansem, mesmo quando têm a impressão de que estão se sentindo melhor.
Outro fator distintivo: a pessoa fica enferma de maneira progressiva, ao contrário da gripe, que se manifesta de maneira drástica. Em geral, os sintomas duram duas semanas, ou mais, às vezes menos. E o agravamento pode acontecer depois.
Perda do olfato
A anosmia, ou perda do olfato, é um sintoma estabelecido recentemente. Os médicos detectaram muitos casos de pessoas que apresentavam este sintoma sem ter o nariz congestionado. “Pareceu estranho”, disse o otorrinolaringologista Alain Corré, do Hospital Rothschild de Paris.
Ao lado de seu colega Dominique Salmon, do hospital Hôtel Dieu, eles examinaram 60 pacientes com anosmia: 90% apresentaram resultado positivo para o novo coronavírus. A perda de olfato parece ser um sintoma patognomônico, ou seja, que por si só permite estabelecer um diagnóstico.
“No atual contexto, se você tem anosmia sem congestão nasal é porque é positivo para Covid-19, não vale nem a pena passar pelo exame”, afirma o doutor Corré.
Neste caso, a pessoa deve ficar em isolamento para não infectar outras, mas o sintoma em si não é grave. O vírus SARS CoV-2 é atraído pelos nervos: quando penetra no nariz, em vez de atacar a mucosa como outros vírus, ataca o nervo olfativo e bloqueia as moléculas de odor, explica Corré. A princípio é uma condição local.
Cansaço e dor de cabeça
Os pacientes citam com frequência a astenia. “Sempre ouço a mesma coisa: pacientes cansados, que dão três passos e precisam deitar”, explica a doutora Pauti. Geralmente a condição é acompanhada de cefaleias (dor de cabeça).
Febre e dores musculares
Este vírus pode provocar uma febre flutuante, geralmente menos elevada que outros sintomas virais. Muitos sentem dores musculares, clássicas em uma condição viral, mas com frequência são muito mais dolorosas e mais localizadas.
Tosse
Uma tosse seca, às vezes com congestão nasal e dor de garganta, também é parte do quadro clínico.
Problemas intestinais
Alguns pacientes sofrem diarreia e, de maneira mais pontual, náuseas. Mas estes sintomas “não bastam para diagnosticar a doença”, segundo Pauti.
Condições pulmonares
Quando o vírus afeta os pulmões, a dor é variável. Alguns pacientes mencionam uma sensação de compressão, outros sentem que não conseguirão continuar respirando, “algo que a ansiedade agrava, sobretudo, entre as pessoas que vivem sozinhas”, afirmam os médicos.
A situação é preocupante quando as pessoas “respiram mais rapidamente do que o normal”, segundo a doutora Pauti, que recomenda, neste caso, ligar para a emergência.
Um agravamento brutal pode acontecer entre o 7º e o 14º dia, sob a forma de pneumonia bilateral, com um aspecto radiológico muito característico. “A tomografia permite saber quase com certeza que se trata da Covid-19”, explica Pauline, uma médica de Paris que prefere não revelar o sobrenome.
Ela destaca que a maioria dos pacientes hospitalizados mostra “uma tolerância clínica incrível: não se afogam em absoluto, mesmo com parâmetros catastróficos de gasometria”, que mede o nível de oxigênio no sangue.
“Quando se agrava, tudo acontece muito rapidamente”, afirma a médica. Trata-se então de uma insuficiência respiratória aguda severa, como aconteceu com a epidemia de Sars e, em menor medida, com a gripe.
Na recuperação, o respirador pode permitir seguir adiante, mas a situação pode se deteriorar até provocar a morte, sem que se saiba exatamente o motivo. “Provavelmente é uma aceleração generalizada do sistema inflamatório, por motivos puramente virais”, explica.
“O drama deste vírus é que afeta uma população 100% receptiva, já que é completamente novo para o sistema imunológico”.
Correio do Povo