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sexta-feira 22 novembro 2024
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Projeto constrói skates adaptados para crianças com deficiência

Adaptações possibilitam que pequenos com mobilidade reduzida fiquem em pé no shape

Guilherme, à esquerda, e Murilo, à direita, andaram em pé no skate graças às adaptações | Foto: Guilherme Testa

Guilherme, à esquerda, e Murilo, à direita, andaram em pé no skate graças às adaptações | Foto: Guilherme Testa

Com braços esticados para imitar a postura dos skatistas profissionais, Murilo Henrique Dias, quatro anos, realizou um sonho: andar em pé em um skate pela primeira vez. O desejo do menino, que possui a mobilidade reduzida por causa da mielomeningocele, má formação intrauterina na medula, foi realizado graças a um projeto desenvolvido pelo Educandário São João Batista, em Porto Alegre.

Chamada de “Skate acessível”, a iniciativa teve a primeira etapa realizada nesta quarta-feira. Fisioterapeutas, educadores, pais e voluntários participaram de palestras sobre skates adaptados para pessoas com deficiência e, depois, construíram os aparelhos com base nas necessidades das crianças atendidas pela instituição, como Murilo.

“Ele gosta muito de skate. Tem até um em casa, que pediu pra gente comprar, mas anda deitado, empurrando com a mão. Dizia que um dia iria conseguir ficar em pé para andar, o que aconteceu hoje”, conta a mãe, Nadinara Dias Rosa. A estrutura usada por Murilo se assemelha a um balanço que sustenta um cinto, o que possibilita que o menino fique em pé. Já o skate é colocado na parte de baixo do aparelho, e os pés da criança são presos ao shape, a prancha.

Murilo ficou em pé com ajuda de um balanço móvel – Foto: Guilherme Testa

Com isso, bastava alguém empurrar a estrutura para Murilo experimentar a sensação de estar praticando em pé o esporte que tanto gosta. Sorridente, o menino até imitava a postura dos skatistas, que andam com os braços abertos. “Foi super bom porque o Murilo está começando a ter força e equilíbrio, e o skate ajuda ele a acreditar que consegue”, completa a mãe.

Guilherme Couto, cinco anos, que tem os movimentos reduzidos por causa de uma paralisia cerebral, também experimentou um skate adaptado nesta quarta-feira. Com força nos membros superiores, ele conseguiu ficar em pé em uma estrutura diferente da adaptada para Murilo. No lugar de um balanço, Guilherme usou uma espécie de andador, que sustentava o tronco e as pernas. O skate também foi colocado na parte de baixo, assim como os pés do menino foram presos ao shape. “É ótimo para a autoestima, porque ele fica bem feliz de estar em pé no skate. E como ele fica fixo, não tem risco de cair”, conta a mãe, Rita de Cássia Couto.

Adaptação para Guilherme é parecida com um andador – Foto: Guilherme Testa

Fisioterapeuta do Educandário São João Batista, Francine Bonalume afirma que a instituição pretende oferecer a prática do esporte para trabalhar a motivação dos atendidos. “São crianças que fazem fisioterapia desde muito cedo, em lugares fechados, por isso a motivação é tão importante. A oportunidade de praticar um esporte ao ar livre alia o tratamento ao prazer e à diversão”, explica.

Depois da adaptação dos skates, a instituição pretende partir para a segunda etapa do projeto: a construção de uma pista para a prática esportiva. Já conta com o projeto e com a mão de obra, mas ainda precisa de doações para a compra de materiais. “Foi a primeira vez que projetamos uma pista para skates adaptados, que precisa de espaço para que alguém possa acompanhar o praticante. É uma pista que também servirá para a prática de estreantes no esporte”, comenta Ricardo Mendes, representante da Spot Skateparks, empresa que doou o projetou da pista.

“Temos uma estrutura de marcenaria, que colocamos à disposição para a construção da pista, além da mão de obra. E os nossos alunos estão participando da adaptação dos skates”, comenta Paulo Roberto dos Santos, professor no projeto Jam Skatinga, que dá aulas de skate para adolescentes de 15 a 17 anos, na Restinga.

Quem quiser ajudar com doações para a construção da pista pode entrar em contato com o Educandário São João Batista pelo telefone (51) 3246-5655 ou acessar o site da instituição, pelo endereço www.educandario.org.br, e clicar no link “como ajudar”. A instituição é filantrópica e atende 180 crianças e adolescentes com deficiências múltiplas gratuitamente.

Correio do Povo




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