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sexta-feira 22 novembro 2024
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Onze homens e nenhum segredo! – Viviane M. Foresti

Onze homens e nenhum segredo!

Em agosto de 1961, o então governador Leonel Brizola usou o microfone da “rádio da Legalidade” para denunciar o golpe contra Jango.
Em 1962, já como deputado federal, conclamava seus correligionários a se mobilizarem em torno das suas idéias políticas e propostas de mudar o País, na rádio Mayrink Veiga
Na noite de 29 de novembro de 1963, Brizola, utilizou seu programa e propôs um movimento de massa, para atuar em todo o território brasileiro em apoio ao então presidente João Goulart.
O chamado “grupo dos onze”.
Em minha cidade natal, um pontinho minúsculo no interior do Rio Grande do Sul, a maioria da população já o apoiava, mas daí a pegar em armas já era um pulo gigantesco.
Eu era criança, mas lembro de meu pai e um grupo de amigos, todos jovens e brizolistas, que gostavam de caçar e pescar juntos.
Depois reuniam suas famílias para depenar as perdizes ou limpar os jundiás, e preparavam em conjunto os acepipes, que eram degustados com um garrafão de vinho da colônia, puro, para os adultos e com água e açúcar para as crianças, enquanto cantavam “La Verginella ou La donna è bionda”. Outros tempos.
Mas veio 64, o golpe militar, as perseguições e as denúncias entre amigos.
E o tal grupo de amigos festeiros foi denunciado como sendo uma célula do Grupo dos Onze. Denúncia anônima. Obviamente.
Em uma cidade onde todos se conheciam, criou-se um tremendo mal estar e mil e uma especulações sobre quem seria o denunciante.
Como consequência, todos receberam a visita do Coronel Gonçalino, que chegou com um caminhão cheio de milicos, para apreenderem todas as armas, inclusive as de caça e lhes foi sugerido não mais se reunirem para não despertar suspeitas.
Com o tempo as coisas voltaram ao normal, mas sem nunca esquecerem que havia um “traditore”, um pelego, entre os conterrâneos e, consequentemente a ingenuidade e a pureza estava maculada para sempre.
Nosso único momento de protesto era quando cruzávamos a ponte do rio da Várzea, construída durante o governo do Brizola e meu pai parava exatamente no meio dela e com as janelas abertas, todos gritávamos,
– VIVA O BRIZOLA!
E seguíamos viagem, emocionados, nos sentindo quase uns revolucionários.

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Viviane Maria Foresti




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