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domingo 28 abril 2024
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Investigação virou “show midiático”, diz Lula

Ex-presidente afirmou que se sentiu como um prisioneiro com a ação da PF

Lula criticou forma como operação Lata Jato tem sido conduzida | Foto: Nelson Almeida / AFP / CP

                                    Foto: Nelson Almeida / AFP / CP
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento na sede do PT em São Paulo sobre a 24ª fase da operação Lava Jato, em que é o principal alvo. Lula disse que as investigações se tornaram um “show midiático” e criticou a forma como foi conduzido a depor na manhã desta sexta-feira.
“Se o juiz (Sérgio) Moro ou Ministério Público quisessem me ouvir era só mandar um ofício. Nunca me neguei a depor. Estamos vivendo um processo em que a pirotecnia e o show midiático valem mais que a apuração séria e responsável por parte da Polícia Federal e MP, instituições que respeito e sempre respeitei”, afirmou o ex-presidente.

Em um discurso para militância, Lula disse que os acontecimentos desta sexta-feira não irão lhe abalar. “Nada disso diminui a minha vontade. Eles acenderam em mim a chama de que a luta continua”, prosseguiu.
Lula ainda se disse indignado pelo fato da Polícia Federal ter cumprido mandados na casa dos filhos e de amigos seus. “Estou indignado com o que fizeram com a minha família, com os meus companheiros. O Moro não precisava ter levado a PF a minha casa casa de manhã. Era só ter me convidado para depor. Eles preferiram utilizar a prepotência, a arrogância. Enquanto alguns advogados não sabiam nada, alguns meios de comunicação já sabiam. Eu mereço respeito, eu sei o que fiz pelo país”, apontou. “Eu me senti ultrajado, como se fosse prisioneiro, apesar do tratamento cortês do delegado da Polícia Federal. Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo. A
jararaca tá viva, como sempre esteve”, afirmou.
Lula disse que o juiz Sérgio Moro poderia tê-lo intimado. “Poderia ter mandado um comunicado. ‘Ô seu Luiz Inácio, quer prestar depoimento em Curitiba?’ Eu gosto de Curitiba, eu poderia ir lá em Curitiba. Assim me facilitava, não precisava pagar uma passagem para ir a Curitiba. Poderia me convidar em Brasília. Eu ia”, disse.
“Eu me senti prisioneiro hoje. Eu, sinceramente, já passei por muita coisa na minha vida, não sou homem de guardar ressentimento, guardar mágoa, mas não pode continuar assim.” Para a Procuradoria, “há evidências de que o ex-presidente Lula recebeu valores oriundos do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento tríplex e de um sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por transportadora. Também são apurados pagamentos ao ex-presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de supostas doações e palestras.
O ex-presidente se defendeu das suspeitas sobre o valor de suas palestras. “Eu não tenho complexo de vira-lata. Eu sei o que eu fiz. As pessoas me procuravam para saber como eu fiz para aprovar o Prouni, como aprovei as cotas, como levei luz para mais de 15 milhões de brasileiros pobres”, afirmou. “Se a polícia encontrar um real que não deveria estar na minha conta, eu não mereço ser desse partido”, garantiu.
Na manhã desta sexta-feira, Lula prestou depoimento por cerca de três horas no Pavilhão das Autoridades, que fica localizado ao lado do aeroporto de Congonhas, na zona Sul de São Paulo. As declarações foram prestadas para dois procuradores na presença de três advogados, entre eles Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins.
De acordo com o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), foram abordados diversos assuntos, como as palestras que o ex-presidente concedeu após deixar o Palácio do Planalto e a ligação com um sítio em Atibaia, interior paulista. Também foram alvo de questionamentos, segundo Teixeira, a relação de Lula com o apartamento tríplex no Guarujá, no litoral de São Paulo, e os bens que Lula recebeu nos dois mandatos na presidência do país, que devem ser mantidos por ele como acervo histórico.
Além da condução coercitiva, foram expedidos mandados de busca em diversos endereços do ex-presidente, como parte da 24ª fase da Operação Lava Jato. Segundo o procurador da República, Carlos Fernando Lima, Lula recebeu pagamentos, seja em dinheiro, presentes ou benfeitorias em imóveis das maiores empreiteiras investigadas na operação policial. De acordo com o procurador, foram cerca de R$ 20 milhões em doações para o Instituto Lula e cerca de R$ 10 milhões em palestras de empresas que também financiaram benfeitorias de um sítio em Atibaia e de um tríplex no Guarujá.
Correio do Povo



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