Empreiteira Concremat foi fundada pelo avô do secretário de Turismo, Antônio Pedro Viegas Figueira de Mello
Ciclovia desabou nesta quinta-feira | Foto: Cristophe Simon / AFP / CP
A empreiteira Concremat, responsável pela construção da ciclovia Tim Maia, que desabou nesta quinta-feira, no Rio, pertence à família do secretário de Turismo da cidade do Rio, Antônio Pedro Viegas Figueira de Mello. Ao menos duas pessoas morreram no desabamento de um trecho da ciclovia, inaugurada em janeiro deste ano.
A Concremat foi fundada por Mauro Ribeiro Viegas, avô de Antonio Pedro Viegas Figueira de Mello. Hoje, a empresa tem como diretor-presidente Mauro Viegas Filho.
A obra da ciclovia custou R$ 45 milhões e começou a ser construída em setembro de 2014. Em seu site, a Concremat afirma que o consórcio Contemat Geotecnia/Concrejato foi contratado pela Fundação Geo-Rio, braço da Secretaria Municipal de Obras da Prefeitura, para executar a contenção de encosta e a estabilização da área para a implantação da ciclovia.
Em informativo de outubro de 2015, a Concremat divulgou um texto em seu site sobre a ciclovia Tim Maia em que o gerente técnico Jorge Schneider explicou que “cerca de metade da extensão total da ciclovia foi concebida com uma estrutura independente, projetada ao lado e à jusante da Avenida Niemeyer”.
Segundo a Concremat, ao longo do percurso, “foram executadas contenções com cortinas atirantadas, contra-fortes atirantados e muretas de contenção chumbadas”. “Para a proteção dos taludes resultantes de escavações para a construção das fundações, foram também aplicadas as técnicas de solo grampeado e rip-rap”, informou a empreiteira.
“Tivemos o desafio de realizar uma obra em área urbana, com a construção em toda a sua extensão junto a uma avenida com largura reduzida e intenso fluxo diário de veículos, além de estar inserida em uma área com forte presença habitacional, onde os estreitos passeios são para grande parte dos moradores a única forma de acesso às suas residências”, contou o coordenador da obra, Saulo Rahal.
O informativo da empreiteira disse ainda que “com a impossibilidade de interdição da via durante o dia para as concretagens, além de dificuldades de escoramento por conta da altura e das irregularidades da encosta, a solução encontrada foi de pré-moldagem tanto da meso como da superestrutura, adotando-se para esta lajes PI protendidas com vãos de 6 e 12 metros, onde a associação de elementos retos e curvos permitiu com que a ciclovia acompanhasse todo o trajeto da Niemeyer”.
O pedaço arrancado pela água tem mais de 50 metros. A ciclovia é suspensa e junto ao mar e está interditada, assim como a Niemeyer. Técnicos da Prefeitura ainda vão avaliar se há risco de outros desabamentos na ciclovia.
A estrutura foi levada pela ressaca do mar de São Conrado, na zona sul do Rio de Janeiro. Eduardo Marinho Albuquerque, de 53 anos, e um homem de 45 anos, cuja identidade não foi divulgada, foram as duas vítimas. Outras três pessoas teriam ficado feridas. O corpo de Albuquerque foi identificado por um cunhado no local. Os dois corpos foram localizados no mar de São Conrado por bombeiros e ainda estão na areia.
A Secretaria de Turismo da Prefeitura do Rio não retornou ao contato da reportagem.
Nota das Concremat
“O Consórcio Contemat-Concrejato informa que uma equipe técnica da empresa já se encontra no local, trabalhando em coordenação com a Secretaria Municipal de Obras. As prioridades neste momento são garantir o atendimento às vítimas e seus familiares e avaliar as causas do acidente.”
A reportagem questionou a Concremat se o secretário teve alguma influência na contratação da empresa da família.
“O Consórcio participou de processo de licitação que foi acompanhado por todos os órgãos de fiscalização competentes”, respondeu a empreiteira.
Correio do Povo