Encontro com ministro da Economia ocorre três dias após demissão de Sergio Moro. Economistas temem por seu futuro no governo
A reunião entre Bolsonaro e Guedes ocorre três dias após a saída conturbada de Sérgio Moro do governo.
No mesmo dia, às 15 horas, Bolsonaro receberá Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Secretaria de governo da Presidência da República, e o deputado David Soares (DEM/SP).
Economistas temem por futuro de Guedes
A saída de Moro já alimenta entre economistas preocupações sobre o futuro de Guedes no governo de Jair Bolsonaro.
A avaliação é que a agenda econômica ortodoxa, que já estava perdendo força em meio à crise da pandemia do coronavírus, tende a ficar ainda mais de lado no governo diante de esforços do presidente para se reposicionar politicamente.
O diretor de câmbio da FB capital, Fernando Bergallo, diz observar o “governo se desfazer em meio à uma situação gravíssima de política internacional”, “Já há rumores que o próximo a sair é o Paulo Guedes, a partir daí, acabou o governo”, analisa Bergallo.
Na avaliação de André Perfeito, da corretora Necton, o mercado especula neste momento se o governo Bolsonaro não está tentando se reorganizar em meio à crise, o que pode revelar ainda mais mal-estar.
“A cooptação do centrão precisa também passar pelo Ministério da Economia, uma vez que a demanda por recursos é infinita neste momento de crise econômica e em especial em ano eleitoral. Tudo isso em conjunto sugere que o presidente irá ter que sacrificar a Economia para não perder sua investida ao centro do tabuleiro”, afirma Perfeito.
O economista-chefe do Fator, José Francisco de Lima, afirma que o mercado chega a um grau de incerteza muito grande com a demissão de Moro. “Estamos no auge de uma onda que lança dúvidas extremamente relevantes [sobre economia e planos de Guedes]”, avaliou.
“A bola agora chama-se Rodrigo Maia, acho que ele pode ganhar protagonismo. O rodapé em relação ao Copom é que hoje é sexta-feira, coincidentemente, e é bastante provável que o BC anuncie algum programa de atuação no câmbio”, completa Lima.
O temor pela incerteza é também citado por Flávio Serrano, economista-chefe do Haitong. “Você tem a saída de um ministro que a opinião pública via como uma pessoa idônea de um jeito um pouco controverso. Há preocupação de que a pressão pode ser transferida para o Paulo Guedes, que já estava à parte do plano do governo para o pós-crise, e que você possa deixar para trás políticas mais ortodoxas que estavam sendo praticadas até então”, lamenta ele.