Lula exonera o número dois da Abin, Alessandro Moretti
Depois de mais uma etapa da investigação da PF sobre espionagem ilegal, presidente dispensou diretor-adjunto da agência



A Polícia Federal realizou nessa segunda (29) uma operação para investigar o monitoramento ilegal realizado pela Abin durante o governo Bolsonaro. O principal alvo foi o filho do ex-presidente e vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro.Nove endereços, incluindo a casa e o gabinete do parlamentar na Câmara Municipal, foram alvos das buscas e apreensões. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
A nova operação tem como foco descobrir os possíveis destinatários das informações supostamente obtidas ilegalmente pelo grupo, que monitorava jornalistas, advogados e autoridades brasileiras — entre elas, os ministros do STF Gilmar Mendes e o próprio Moraes.
Na última quinta (25), o deputado federal e ex-diretor-geral da agência Alexandre Ramagem (PL-RJ) também foi alvo de busca e apreensão. O gabinete do parlamentar na Câmara dos Deputados foi um dos endereços visitados pelos agentes.
Relembre o caso
Em 2023, a PF descobriu indícios do uso de ferramentas de espionagem ilegal, como a First Mile, por servidores da Abin — entre elas, um programa de invasão de computadores que permitia acesso a todo o conteúdo privado dos alvos. Os softwares foram encontrados nos equipamentos apreendidos durante as buscas.A suspeita é de que os investigados usavam técnicas que só são permitidas mediante prévia autorização judicial.
A PF revelou que um sistema de geolocalização para dispositivos móveis, como celulares e tablets, teria sido usado em monitoramentos ilegais por servidores mais de 60 mil vezes em dois anos e meio. Entre os alvos da espionagem irregular estariam ministros do Supremo Tribunal Federal, jornalistas, políticos e adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).Na época, a PF também cumpriu 25 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, em São Paulo, em Santa Catarina, no Paraná e em Goiás. Os agentes encontraram US$ 171 mil em espécie na casa de um dos suspeitos, em Brasília. O ministro do STF Alexandre de Moraes determinou o afastamento de pelo menos cinco funcionários da Abin.
Os agentes apreenderam celulares e notebooks no apartamento funcional do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). O R7 apurou que um notebook e um celular ainda pertencem à Abin.
A apuração aponta indícios de que Ramagem continuou recebendo informações de dentro da Abin mesmo após deixar o comando do órgão.