Zambelli nega ter pagado hacker para invadir sistemas do Judiciário
Deputada disse que pediu a Delgatti melhorias no site dela
Segundo a Polícia Federal, um hacker invadiu o sistema informático do Banco Nacional de Mandados de Prisão do CNJ e incluiu na plataforma do Judiciário um mandado de prisão falso contra Alexandre de Moraes. A PF também investiga a inserção de dez alvarás de soltura no sistema do CNJ em benefício de presos espalhados pelo país.Segundo o despacho de Moraes, a PF informou que Walter Delgatti recebeu R$ 13,5 mil “possivelmente como contraprestação pelos serviços prestados, por meio de interpostas pessoas próximas da deputada federal Carla Zambelli”.
Em depoimento à PF, o hacker disse que recebeu pagamentos de Carla Zambelli para prestar serviços cibernéticos, e que a parlamentar pediu para ele invadir o telefone celular e o e-mail do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Encontro
A parlamentar disse que conheceu o hacker saindo de um hotel e que o apresentou ao presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, e ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Zambelli disse que o hacker queria oferecer os serviços dele ao PL para participar de uma auditoria nas urnas eletrônicas antes do pleito do ano passado. Porém, Zambelli disse que o negócio não foi fechado.
“Eu não sabia como ele estava naquele momento, em que espectro ideológico”, justificou.
Sobre o encontro com Bolsonaro, Zambelli disse que o ex-presidente apenas queria saber a opinião de Delgatti sobre a segurança da urna eletrônica devido ao conhecimento dele sobre tecnologia da informação. “Por certo, o presidente deve ter ficado com receio de contratar alguém assim”, especulou a parlamentar, que acrescentou que não houve mais contato entre Bolsonaro e Delgatti após essa reunião.O hacker Walter Delgatti Neto ficou conhecido por ter acessado o celular do ex-deputado federal e ex-procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, dando início à série de reportagens conhecida como Vaza Jato, que revelou os bastidores da Operação Lava Jato.
Os dados revelados por Delgatti reforçaram os argumentos dos críticos da Lava Jato, para os quais a operação se guiou por objetivos políticos, desrespeitando o devido processo legal e o princípio da imparcialidade do Judiciário.