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sexta-feira 22 novembro 2024
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Ausência de Leandro Boldrini marca segundo dia de julgamento em Três Passos

Ausência de Leandro Boldrini marca segundo dia de julgamento em Três Passos

Pai do menino Bernado passou mal duas vezes e não acompanhou depoimentos de testemunhas, que se emocionaram

Vizinha se emocionou ao lembrar do menino. Foto: Christian Bueller / Especial CP

A ausência do réu marcou o segundo dia de julgamento de Leandro Boldrini, acusado de ter participado da morte do filho, Bernardo, de 11 anos, em 2014, no Noroeste gaúcho.

O médico passou mal pouco antes do início da sessão do júri no Foro da Comarca de Três Passos, perto das 8h30min.

A defesa informou que ele já havia chegado ao Fórum, mas não tinha condições de ficar no plenário. Um grito do médico chegou a ser ouvido, ainda na rua. Após mais uma crise nervosa, ainda pela manhã, o réu acabou sendo levado à Penitenciária Modulada de Ijuí, após o meio-dia.

Testemunha chamada pela manhã, a delegada regional de Três Passos, Cristiane de Moura e Silva Braucks, revelou ao depor um pouco mais da relação de Leandro com o filho, baseada no descaso e indiferença da família.

No início das investigações do então desaparecimento de Bernardo, a policial comentou que o menino não tinha sequer roupas compatíveis com a situação financeira do médico, considerada favorável. “Não andava na rua se vestindo adequadamente. Ele se sentia abandonado, implorava por carinho”, contou.

Segundo a delegada Cristiane, conforme as apurações avançaram, as versões dos suspeitos foram mudando. “Eram várias as contradições”, complementou. O depoimento de Edelvânia Virganovicz, que se sentia sufocada com que havia acontecido, se tornou o ponto-chave da investigação policial. “Ela então nos levou onde ele havia sido enterrado”, explicou.

A depoente recordou um período em que, com Bernardo ainda vivo, uma audiência judicial determinou prazo de 90 dias para Leandro Boldrini restabelecer o vínculo com o filho. Isso, segundo a delegada, deixou a madrasta, Graciele Ugulini, insatisfeita. “Graciele ficou irritada”, lembrou a policial. “Ela colocou Boldrini na parede, no sentido de ‘ou ele (Bernardo) ou eu’. E o Leandro escolheu a ela”, completou.

Menino querido e rebelde
Na parte da tarde, depôs a ex-secretária do consultório de Boldrini, Andressa Wagner, que pediu para não ter a imagem divulgada. Neste momento, a transmissão pela internet do julgamento pelo Tribunal de Justiça teve de ser interrompida.

“O pensamento do povo é cruel. Pelo que fizeram comigo”, disse ela, que chegou a ser apontada como a pessoa que escreveu a carta de despedida de Odilaine Uglione, mãe do garoto, que se suicidou em 2010. A ex-secretária, que, chorou ao lembrar do caso, acabou inocentada durante a investigação.

Segundo Andressa, Bernardo era querido mas, ao mesmo tempo, rebelde. “Talvez por falta de carinho e atenção da família. Um final de semana, ficou na minha casa”, contou. A testemunha disse que nunca o viu maltrapilho. Sobre a escola, lembrou que recebeu uma ligação, uma vez, porque o menino não havia feito um trabalho. Ela também disse ter levado o filho de Boldrini a consultas médicas e confirmou que sabia que o menino era usuário de medicamentos, embora sem confirmar quais.

A testemunha também falou sobre a relação entre o garoto e a madrasta. “No início, era boa. Quando ela ficou grávida, as coisas começaram a mudar”, contou. Perguntada sobre receitas médicas, Andressa relatou que Boldrini tinha o costume de deixar receitas em branco assinadas por ele. “Era para determinadas situações. Ele deixava na gaveta”, lembrou, sem se recordar se deu falta de alguma receita de midazolan – medicamento utilizado em uma superdosagem na morte de Bernardo.

Emoção da “Tia Ju”
Com a transmissão restaurada, a quarta testemunha do terceira do dia de julgamento começou a depor. Juçara Petry, que o menino havia apelidado de “Tia Ju”, era vizinha da casa de Bernardo. Em um depoimento emotivo, a comerciante disse que o menino “era muito inteligente” e “ia longe”.

Juçara lembrou ter estranhado quando Boldrini perguntou pelo filho nos dias em que ele havia desaparecido. “Ele nunca nos ligava para saber como estava”, recordou a testemunha. A vizinha contou, ainda, que o quarto que ela arrumou para Bernardo, quando o menino fazia visitas, continua com as coisas dele, até hoje. “O último aniversário, última Páscoa e o último Dia dos Pais dele foi na minha casa”, revelou.

Nesta quarta-feira, presta depoimento a psicóloga que tratou Bernardo, Ariane Schmitt –  quinta e última testemunha arrolada pela acusação. Na sequência, serão ouvidos os depoentes da defesa.

Christian Bueller/Correio do Povo

 




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