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sábado 23 novembro 2024
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Mesmo após pedido de soltura do MPF, mais de 150 pessoas seguem presas no Distrito Federal

Mesmo após pedido de soltura do MPF, mais de 150 pessoas seguem presas no Distrito Federal

Segundo o órgão, 154 pessoas que não participaram de atos de vandalismo seguem presas no DF

Foto: Marcello Casal / Agência Brasil
O Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao ministro Alexandre de Moraes a soltura de 154 pessoas detidas, desde o início de janeiro, no Distrito Federal, através de um ofício ao qual Rádio Guaíba teve acesso, neste domingo.

Assinado pelo subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, o requerimento destaca que ‘não há provas, até esse momento, de ataque direto cometido por eles contra as sedes dos Três Poderes’.

Enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 7 de fevereiro, o texto sustenta que ‘não há razão para a prisão preventiva das pessoas listadas’, pois elas não teriam ‘se juntado ao grupo de manifestantes violentos’, permanecendo nas imediações do Quartel-General do Exército, em Brasília.

O órgão solicita, por fim, que Moraes determine a revogação da prisão preventiva do grupo referido. Até o momento desta publicação, nenhuma das pessoas mencionadas no requerimento havia sido solta.

Moradores de Santa Cruz do Sul estão entre os presos

Preso desde 9 de janeiro, Roberto Simon, 57 anos, teria desembarcado em Brasília, às 17h30min, e se dirigido a um acampamento montado em frente ao quartel. Segundo a esposa dele, o torneiro mecânico saiu de Santa Cruz do Sul, no dia 6, em um ônibus fretado, com outros 28 moradores do Vale do Rio Pardo.

“Ele estava de férias e foi para lá [Brasília] a convite de um grupo de amigos, a maior parte gente de idade e aposentados. Depois do ano novo, o pessoal começou a fazer vaquinha para [fretar] o ônibus. Eles foram lá para pedir pelo código fonte e por mais transparência nas eleições. Era uma aventura, mas uma aventura com a cabeça no lugar e sem bagunça”, declarou Roseni Simon, de 53 anos.

O último contato dela com o marido ocorreu via celular, ainda no dia 9, antes de levarem-no para o Complexo Penitenciário da Papuda. Além dele, outros cinco moradores de Santa Cruz, incluídos no pedido de soltura do MPF, também estão presos: Carla Back, Mari Carla Fiuza dos Santos, Maria Lenir Dorneles Machado, Paulo Cichowski e Ricardo Pedro Hammes.

A defesa do grupo alega que tíquetes de pedágio, notas fiscais de restaurantes, passagens e o tacógrafo do ônibus compravam que nenhum deles participou dos ataques aos prédios dos Três Poderes. Os gaúchos teriam sido presos, segundo o advogado Thyago Mendes, na manhã seguinte aos atos de vandalismo.

“Transcorridos mais de 10 dias, quando o MPF oficiou pela soltura, não há sequer informação do gabinete do ministro Alexandre de Moraes sobre estimativas dessa decisão que, por força de lei, deve colocá-los em liberdade. O MPF, representante do interesse do Estado, já informou que não tem interesse na prisão dessas pessoas, que permanecem presas sem motivo nenhum”, declarou o bacharel.

Segundo ele, mesmo com os autos, os advogados dos presos não têm acesso ao gabinete do ministro. Informações sobre os casos também não são compartilhadas por telefone ou e-mail, o que, conforme o advogado, dificulta ainda mais o acesso aos processos.

Mais de 940 pessoas presas preventivamente 

A Procuradoria-Geral da República (PGR) já denunciou 835 pessoas pelas ações de 8 de janeiro, quando o Palácio do Planalto, o STF e o Congresso Nacional foram invadidos e depredados. Conforme o órgão, cerca de 8 mil pessoas participaram dos atos.

Por ordem de Moraes, das 1.406 pessoas detidas, 942 tiveram a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva. Outras 464 foram liberadas mediante aplicação de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica.

Marcel Horowitz / Rádio Guaíba




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