Fala ocorre um dia após divulgação de gravação entre o presidente Jair Bolsonaro e o senador Jorge Kajuru
Um dia após a divulgação de uma gravação na qual o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pressiona o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) a pedir o impeachment de integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) o presidente da Corte, Luiz Fux, declarou nesta segunda-feira, 12, que a democracia não comporta “concordância forjada e aplausos imerecidos”.
O discurso de Fux foi gravado pelo STF e será exibido no encerramento dos debates da Brazil Conference, evento promovido por estudantes de Harvard, do MIT e outras universidades americanas entre os dias 11 e 17 de abril. Trechos da fala do ministro foram divulgados pela Corte nesta tarde.
Fux também destacou que o Supremo tem cumprido de assegurar a defesa da Constituição e pela estabilidade democrática, seja ‘nos momentos de calmaria’ ou ‘nos momentos de turbulência’. “Todo esse repertório jurisprudencial inspira-se na premissa de que não há saída para nenhuma crise fora da Constituição”, afirmou.
Apesar de não citarem Bolsonaro diretamente, as declarações foram feitas na esteira da divulgação de uma conversa entre o presidente e o senador Jorge Kajuru. Bolsonaro criticou a decisão do ministro Luís Roberto Barroso em mandar o Senado abrir uma CPI da Covid para apurar omissões de seu governo e incentivou o parlamentar a ‘peticionar’ a Corte para mandar a Casa instaurar processos de impeachment contra integrantes do tribunal.
O plenário do Supremo se reúne nesta quarta-feira, 14, para decidir sobre a liminar dada pelo ministro Luís Roberto Barroso que determinou a instalação da CPI da Covid pelo Senado Federal. O Estadão apurou que os ministros devem referendar a decisão do colega, mas a tendência é que incluam a ressalva de que a comissão não precisa ser instalada imediatamente, mas quando os trabalhos voltarem a ser presenciais. Se essa posição se mantiver, não há prazo para a comissão começar a funcionar.
Nesta segunda, 12, o ministro Kassio Nunes Marques, indicado de Bolsonaro ao STF, foi sorteado relator da ação de Kajuru para obrigar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a instaurar o impeachment de Alexandre de Moraes, do Supremo.