MEMÓRIAS DE SARANDI 43-B
Época: Década de 1940
Humberto Tesser Paris
FRA GIOVANNI, continuação….
Dando continuidade a história de Fra Giovanni, temos um importante depoimento da dona Milena Rosin, escrito por seu filho Sílvio Rosin, o qual transcrevo literalmente:
“Conforme falamos, transcrevo aqui as memórias de minha mãe, dona Milena, que conheceu o Fra Giovanni. Antes, vou fazer uma colocação porque percebi que há divergência quanto a localização do barracão. A casa que aparece na foto acima era da D. Nana. O terreno dela ia até a esquina que depois meu pai comprou. O barracão do Fra Giovanni se situava exatamente onde hoje está o prédio da foto. O barracão foi cedido pela D. Nana para o Fra Giovanni morar.Fra Giovanni era sim frade, italiano, vindo de São Paulo para Sarandi. A D. Nana era muito amiga da minha mãe e foi a primeira vizinha.A familia de meu avô Antônio Benincá veio para Sarandi junto com a família De Mari, vindos da Itália, no início de junho de 1948, e moraram uns 3 ou 4 meses na esquina do outro lado da Rua Pietro Cescon, em frente ao parreiral da D. Nana. Minha mãe conheceu bem o Fra Giovanni e sua mula Nina. D. Nana convidava minha mãe mais o Fábio e a Rosa de Mari, para comer néspora e as crianças iam bem felizes, mas nas primeiras vezes, se assustavam quando ouviam ele falando sozinho e gritando dentro do barracão, mas D. Nana dizia que ele não fazia mal, apenas era um pouco fora da casinha. Certa vez D. Nana contou que Fra Giovanni havia feito uma estátua de uma Madonna para colocar no capitel do Bairro Santa Gema, próximo a residencia da família Mattei. Essa estátua era um pouco “gordinha”. No dia em que levaram a estátua, em procissão para a inauguração do capitel, duas senhoras olhavam a imagem e comentavam rindo sobre a mesma. Fra Giovanni ouviu e na mesma hora fez esses versos em Italiano: “La Madonna é tanto carina, col culo de Ariete e la pancia del Angelina.”
Sílvio Rosin: “Humberto, o Artêmio nunca contou o que mais tinha dentro do barracão? Minha mãe disse que ele juntava pedras, e outras quinquilharias que encontrava e guardava tudo no barracão. Ela também andou espiando o que tinha no barracão.”
Humberto Tesser Paris: “O Artemio contou sim que o Fra Giovanni tinha muita quinquilharia e que de vez em quando se livrava de algumas, jogando fora.”
Humberto Tesser Paris: “A minha irmã Mercedes contou que o meu irmão Luis Carlos ficava pulando quando via a mula e ficava dizendo nina, nina. Ela disse que veio daí o apelido de Nino. Só não contei porque o Artemio disse que quem apelidou de Nino foi meu tio Luis.”
Na foto, casa da Dona Nana na avenida Expedicionário em Sarandi-RS, na área aparecem a Erika Kaiser, minha tia Adelaide Paris e a Dona Nana Favero Mariani.