O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, apelou para o pacote de ajuda multi-milhões para o Iêmen na terça-feira, durante a sessão de abertura de uma conferência de doadores em Genebra.
” Em média, uma criança com menos de cinco anos morre de causas evitáveis no Iêmen a cada 10 minutos “, disse Guterres. ” Isso significa que 50 crianças no Iêmen morrerão durante a conferência de hoje, e todas essas mortes poderiam ter sido evitadas “, acrescentou .
” Estamos testemunhando o fome e a paralisação de toda uma geração “, alertou o secretário-geral da ONU, dizendo que dois terços da população ou quase 19 milhões de pessoas precisam de ajuda de emergência no Iêmen.
Eles incluem cerca de 3 milhões de crianças desnutridas.
” Não existe um único país no mundo onde hoje as crianças estejam sofrendo mais do que no Iêmen “, disse à AP o diretor do Fundo para o Oriente Médio e Norte da África, Geert Cappelaere.
Cerca de 7 milhões de pessoas no Iêmen estão à beira da inanição, a Anistia Internacional disse em um relatório publicado na terça-feira.
No final da conferência, os países doadores haviam prometido cerca de US $ 1,1 bilhão para a ajuda humanitária ao Iêmen.
” Dizendo que a situação humanitária é catastrófica é certamente um eufemismo. Hoje no Iêmen temos equipes no terreno e testemunham todos os dias o imenso sofrimento do povo iemenita “, disse o diretor regional da Cruz Vermelha para o Oriente Médio, Robert Mardini. RT.
Para ajudar o país que está enfrentando uma das piores crises humanitárias do mundo, uma série de esforços precisam ser implementados, incluindo ” levantar a restrição da circulação de mercadorias para o país e também dentro do país “, disse ele.
Esforços para evitar a fome prejudicada por ataques aéreos liderados pela Arábia Saudita – ONU
No entanto, o dinheiro não é a única consideração para evitar que as pessoas morram de fome e doença no Iêmen.
A ONU, bem como outras organizações humanitárias e de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional, criticaram fortemente a campanha militar liderada pela Arábia Saudita no Iêmen.
O país importa 90 por cento de seus alimentos, 70 por cento dos quais passa pelo estratégico porto do Mar Vermelho de Hodeidah. Relatórios recentes sugerem que a coalizão liderada pela Arábia Saudita está preparando uma grande ofensiva militar no porto, que serve como um importante ponto de entrada para a ajuda humanitária, disse ONU.
” O porto de Hodeidah é uma linha vital vital … Qualquer ruptura no porto prejudicaria gravemente os esforços para evitar a fome “, disse David Beasley, diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (PAM), em Genebra.
A ONU também criticou os ataques anteriores ao porto, dizendo que ataques aéreos da coalizão saudita já impediram operações humanitárias de importar alimentos e combustível.
Dezenas de navios têm de esperar em alto mar para a sua vez de ancorar depois de várias gruas no porto foram destruídas. Apenas um guindaste para descarregar cargas está operacional no porto, informou à Reuters o Coordenador de Alívio de Emergência da ONU, Stephen O’Brien.
Pedindo um ” levantamento imediato ” do mar e da terra bloqueio Arábia liderado no Iêmen, ministro russo das Relações Exteriores Vice-Gennady Gatilov também disse na conferência que houve ” rumores preocupantes de um assalto em Hodeidah .”
O diretor regional do PAM, Muhannad Hadi, disse à Reuters que a ansiedade está crescendo a respeito de um possível ataque do governo iemenita e seus aliados árabes.
” Estamos preocupados com as instalações no Iêmen porque nesta fase não podemos perder uma ponte ou uma rede rodoviária e muito menos perder uma importante instalação como o porto de Hodeidah “, disse Hadi, acrescentando que ” é impossível ter segurança no país”. País, enquanto as pessoas estão com fome . ”
A Anistia Internacional também alertou que uma nova e importante ofensiva da coalizão liderada pela Arábia Saudita deve começar em breve, afirmando que a cidade estratégica de Hodeidah, no oeste do país, poderia ser alvo de ataques.
” Além de colocar vidas civis em grave risco, um assalto à quarta cidade mais populosa do país, que interrompe seriamente o funcionamento do porto, pode cortar uma linha vital para um país dependente de 80 por cento das importações, agravando uma situação humanitária já terrível , “Disse a Anistia.
Mais de 13 mil civis morreram ou ficaram feridos desde que o conflito entre os rebeldes Houthi alinhados com o Irã e uma coalizão apoiada pelo Ocidente liderada pela Arábia Saudita que apoia o governo, entrou em erupção em março de 2015, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
A coalizão realiza ataques aéreos quase diariamente, com a guerra resultando em pelo menos 10 mil mortos, diz a ONU.
” A coligação liderada pela Arábia Saudita flagrantemente violou o direito humanitário internacional ao realizar repetidamente ataques aéreos indiscriminados e outros atos ilícitos em áreas densamente povoadas em todo o Iêmen “, afirmou a Anistia na terça-feira.
O grupo de direitos de Londres acrescentou que tais ataques resultaram em ” milhares ” de mortes e ferimentos civis, bem como ” destruição maciça ” de casas e infra-estrutura.
” Não deve haver repetição de tais assassinatos e destruições ilegais em Hodeidah “, disse Lynn Maalouf, vice-diretor de Pesquisa do escritório da Amnesty International em Beirute.
” A probabilidade de uma grande operação em Hodeidah ” deve mais uma vez exortar a comunidade internacional a parar de enviar armas para os partidos em guerra no Iêmen, disse a Anistia.
Em março, a organização condenou os EUA ea Grã-Bretanha por fornecerem armas à Arábia Saudita.
A Amnesty afirmou que os EUA e o Reino Unido enviaram armas para a Arábia Saudita por mais de US $ 5 bilhões desde que a intervenção de Riyadh começou em março de 2015. A Anistia disse que isso é mais de 10 vezes mais do que Washington e Londres enviaram ( Ou planeado enviar) na ajuda humanitária ao Iêmen durante o mesmo período.
” Em particular, os países que apóiam as partes em conflitos armados têm a responsabilidade de tornar seu apoio contingente a um maior respeito e conformidade do direito internacional humanitário, se este passo muito concreto for tomado, isso certamente aliviará o sofrimento das pessoas “, disse o oficial da Cruz Vermelha RT.
