Vovó, o que é isso no teu pescoço?Pois é!
É o quinto neto que me faz essa pergunta diabolicamente inocente.
Sem saída, respondo sorrindo: pelanca!
Enquanto ficam puxando e esticando, como se minha linda pele de idosa fosse uma “geleca slime”, eu explico que, quando a gente vai ficando mais velha a pele fica diferente.
Mas vovó, tu não é velha, tu nem tem cabelo branco.
Hum! É porque a vovó pinta o cabelo.
Eu também quero pintar o cabelo de rosa, pra ficar bem linda.
O vovô tem cabelo branco, então ele vai morrer primeiro e virar “caveila”
Ah! A lógica infantil! Tento explicar que não é assim que o mundo funciona, que todo mundo morre um dia.
Mas vovó, tu não pode morrer logo, porque tu tem que conhecer meu bebê, que vai nascer quando eu for adulta.
Penso com meus botões: tu só tem 4 anos. Quem sabe o que me espera?
Mas já perdeu o interesse. Agora belisca meus olhos e lasca: e isso o que é?
Rindo, respondo: Pé-de-galinha.
Dá uma gargalhada e diz que eu não sou uma galinha.
A mamãe não tem isso, tô achando que tu é um pouco velhinha!
Suspiro e retruco: só um pouquinho!
PS: Infelizmente não sou do tipo que depois de uma certa idade, adere as golas altas, as echarpes e aos lenços para esconder o “spaventoso” pescoço de peru.
Sou do tipo que crê que esconder, não faz o problema desaparecer, assim prefiro fazer a alegria de meus netos e deixá-los descobrir os efeitos do tempo na Super Vó.
Nada de vergonha, e sim orgulho de ter chegado até aqui.
VMF
