Varinha de marmelo
Imagino que essa seja uma história.comum à muitos dos que nasceram nos anos 50,60.
O uso “ educativo”, pelas famílias, de algum objeto de ameaça para impor respeito e terror nas crianças mais rebeldes.
Podia ser um chinelo, um cinto, uma varinha ou o que estivesse à mão.
Às vezes a própria mão.
Em nossa casa, na copa onde fazíamos as refeições o tal objeto de tortura psicológica era uma “varinha de marmelo”.
Pendurada ao lado do relógio de parede nos olhava ameaçadoramente para impor respeito e rapidez na hora de comer.
Tínhamos um prazo para terminar o que era servido, depois disso a varinha pairava sobre nós na contagem regressiva do tempo para acabar o prato.
Birra na hora de comer toda criança faz, uns mais outras menos e as ameaças mais cabeludas são as mães que fazem.
Porém mães são mais maleáveis, são fogo de palha, logo se rendem aos pequenos tiranos que são seus filhos.
Já os pais basta um olhar severo e já sabemos que não dá para barganhar.
Então o comando da tal varinha cabia à meu pai.
Depois de todas ameaças de minha mãe não surtirem efeito sobre sua prole, meu pai apenas nos olhava e dizia: vocês têm 5 minutos para terminarem de comer, depois disso a varinha sai da parede.
Eu e meu irmão que sempre fomos comilões não tínhamos maiores problemas, mas minhas irmãs esgotaram a paciência dos dois dia após dia.
Como elas se sentavam de frente para o relógio, ficavam de olho nos ponteiros e só davam a última garfada quando o prazo estava expirando, levando a provocação ao extremo.
Confesso que nunca vi a varinha ser usada, mas sua psicologia italiana foi usada durante um bom tempo e com efeitos positivos.
Na chincha, sabíamos que com meu pai não podíamos fazer onda, com ou sem varinha.
E dele nunca apanhamos.
Já com minha mãe a negociação estava sempre aberta aos apelos mais dramáticos.
Porém quando não funcionavam uma palmada sempre nos alcançava e a ordem estava restabelecida.
Bons tempos em que havia hierarquia, os pais mandavam e os filhos obedeciam.
Viviane M Foresti
