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sábado 23 novembro 2024
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“Vai morrer gente”, adverte dirigente da Ugeirm sobre presos em delegacias gaúchas

Susepe contabiliza 100 detentos nessa situação, 23 só em Canoas, onde grupo realizou ontem greve de fome contra superlotação

“Vai morrer gente”. Foi o que alertou hoje o vice-presidente da Ugeirm-Sindicato, que representa os policiais civis, ao comentar a superlotação registrada em celas de delegacias na região Metropolitana de Porto Alegre. Conforme Fábio Castro, a situação se tornou “insustentável, chegando a um ponto crítico”. Ele ainda ironizou a atuação do secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer: “o cargo está vago”, disse.

O dirigente também não descartou o risco de paralisação da categoria: “nós estamos conversando com os colegas, com os delegados, e estamos analisando a possibilidade de não receber novos apenados”. Castro ressaltou a situação das rebeliões vistas em outros estados do país, e teme que o mesmo se repita no Rio Grande do Sul: “as delegacias têm ainda menos estrutura para receber apenados do que as cadeias. Se acontece nos presídios, o risco é maior nas delegacias”, enfatizou.

Uma denúncia junto à Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) deve ser encaminhada nos próximos dias. Conforme o sindicato, os presos estão ameaçando matar novos apenados e também já realizaram 24 horas de greve de fome. Ele ainda reforçou que o cuidado em não alojar apenados de facções rivais fica ainda mais difícil nas celas das delegacias, e que “parece que o governo está esperando acontecer uma tragédia para tomar uma atitude”.

As falas decorrem de mais um caso de superlotação nas carceragens de delegacias, dessa vez em Canoas. Os números da Susepe e do sindicato convergem: são 23 apenados recolhidos em um espaço que comporta dez pessoas, alguns desde o dia 17 e parte deles custodiados no pátio da delegacia. Para agravar a situação, a Ugeirm ressaltou que dois presos estão feridos: um baleado, e outro fazendo uso de um dreno.

A Susepe minimizou os ferimentos e mencionou que não há qualquer situação de descontrole no espaço. Ainda mencionou que segue sendo feita a busca por vagas no sistema carcerário, mas que não vai haver qualquer tipo de benefício aos presos do local. A Ugeirm ainda mencionou que, ontem, os apenados fizeram greve de fome para reclamar das condições do confinamento.

O chefe de Polícia do Rio Grande do Sul, Emerson Wendt, não vai se pronunciar sobre o caso. Para resolver a situação de superlotação nas carceragens da Polícia Civil, o Estado disponibilizou um ônibus-cela e prevê a inauguração de um centro de triagem com 84 vagas em Porto Alegre até a metade do mês de fevereiro.

Na manhã de hoje, eram 100 detentos aguardando, em delegacias, vagas no sistema carcerário. A Susepe não detalha quantos em cada local. No ônibus-cela, há mais nove, sob custódia da Brigada Militar. Uma das celas segue interditada, para conserto do assoalho, em função de uma tentativa de fuga, ocorrida no domingo.

Fonte:Ananda Müller/Rádio Guaíba



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