Os dois sócios querem que cada país possa negociar com outras nações sem exigir o consentimento dos demais membros do bloco
O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, disse nesta quarta-feira que o Mercosul deve ser “um trampolim” e “não uma armadura”, em comunicado conjunto com o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, com quem discutiu a flexibilização do bloco regional.
“O avanço do Paraguai e do Uruguai ao mundo é decisivo. Precisamos entrar nos mercados em igualdade de condições com nossos concorrentes”, afirmou Lacalle Pou após sua primeira reunião presencial com Abdo desde que assumiu o poder em março de 2020.
Os dois sócios menores do bloco, que completará 30 anos em março, querem que cada país possa negociar acordos bilaterais com outras nações sem exigir o consentimento dos demais membros do Mercosul, como está estabelecido atualmente.
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Os chefes de Estado fizeram a declaração conjunta e não responderam a perguntas da imprensa, após almoçarem na residência presidencial do balneário uruguaio de Punta del Este (a cerca de 140 km de Montevidéu), no departamento de Maldonado, onde Abdo desembarcou na noite de terça. “A questão do Mercosul está na mesa”, insistiu o presidente uruguaio.
“O Uruguai tem grandes oportunidades para o Paraguai levar o que produzimos hoje para grandes mercados. (…) Somos um país sem litoral, não temos acesso ao mar, o potencial logístico que o Uruguai tem pode ser muito útil para esta aliança e cooperação mútua entre as nações”, acrescentou Abdo. “O Paraguai é o quarto maior exportador de soja do mundo e nossa produção precisa de acesso aos mercados de forma competitiva”, ilustrou.
Lacalle Pou, que completa um ano no cargo em 1º de março, concluiu neste encontro sua rodada de reuniões presenciais com todos os líderes do Mercosul, após receber o presidente argentino Alberto Fernández em novembro e visitar Jair Bolsonaro em Brasília no início de fevereiro.
Depois de seu encontro com Lacalle, Bolsonaro declarou que conversou com seu homólogo uruguaio sobre uma possível reunião dos quatro líderes do Mercosul em março para tratar da flexibilização do bloco.