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quinta-feira 12 junho 2025
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Trump mobiliza fuzileiros navais e aumenta a tensão nos protestos de Los Angeles

Trump mobiliza fuzileiros navais e aumenta a tensão nos protestos de Los Angeles
Prefeita afirma que motim acontece apenas em algumas ruas do centro e questiona qual será a atuação dos fuzileiros: “Não faço ideia”
Pode ser uma imagem de 5 pessoas e multidão

Foto: PATRICK T. FALLON / AFP / CP

Os 700 soldados de elite se juntarão aos 4 mil soldados da Guarda Nacional

Centenas de fuzileiros navais são esperados em Los Angeles nesta terça-feira, 10, após o presidente americano, Donald Trump, ordenar sua mobilização em resposta aos protestos contra as prisões dos imigrantes, apesar das objeções das autoridades estaduais. Os 700 soldados de elite se juntarão aos 4 mil soldados da Guarda Nacional, ampliando a militarização da tensa situação na segunda maior cidade dos Estados Unidos.

Los Angeles é lar de milhões de residentes estrangeiros e tem uma grande comunidade latina. As manifestações, iniciadas na última sexta-feira pela escalada anti-imigração do governo federal, foram em sua maioria pacíficas, mas foram ofuscadas por confrontos esporádicos e violentos com a polícia. As ruas de Los Angeles amanheceram calmas nesta terça-feira. Na noite anterior, dezenas de manifestantes enfrentaram agentes da tropa de choque fortemente equipados.

A prefeita da cidade, Karen Bass, enfatizou, na manhã desta terça, que a maioria dos manifestantes foi pacífica e que as forças de ordem locais têm a situação sob controle, sem a intervenção federal. “O motim ocorreu em poucas quadras do centro”, disse. “Não é todo o centro e não é toda a cidade. Infelizmente, as imagens fazem parecer que toda a cidade está em chamas, e não é o caso”, acrescentou.

Ela também questionou o envio de soldados, que o Pentágono disse que poderia custar US$ 134 milhões (R$ 744,3 milhões) aos contribuintes. “O que os fuzileiros vão fazer quando chegarem aqui? É uma boa pergunta. Não faço ideia”, acrescentou.

“Comporta-se como um tirano”

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, recorreu à Justiça, nesta terça-feira, pedindo o bloqueio urgente da ação de tropas militares na cidade. “Enviar combatentes de guerra para as ruas não tem precedentes e ameaça os fundamentos da nossa democracia”, disse o governador democrata.

O documento pede que a Corte para o Distrito Norte da Califórnia se pronuncie até as 18h de Brasília para “prevenir danos irreparáveis e imediatos” e cita diretamente Trump e seu secretário da Defesa, Pete Hegseth. “Donald Trump se comporta como um tirano, e não como um presidente. Pedimos à corte que bloqueie de imediato estas ações ilegais”, afirmou Newsom.

Trump tachou os manifestantes de Los Angeles de “agitadores profissionais e insurgentes”. Consultado sobre a possibilidade de ativar a Lei de Insurreição, que permitiria aos militares usarem a força contra civis, o presidente disse que o faria se observasse uma insurreição. “Veremos”, acrescentou.

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“Incrivelmente incomum”

O uso de militares por Trump é uma medida “incrivelmente incomum” para um presidente dos Estados Unidos, disse à AFP Rachel VanLandingham, professora da Faculdade de Direito de Southwestern em Los Angeles e ex-tenente-coronel da Força Aérea dos EUA. A Guarda Nacional, uma força armada de reserva, costuma ser controlada por governadores estaduais e geralmente é usada em solo americano em resposta a desastres naturais.

Seus reservistas não são mobilizados por um presidente contra a vontade de um governador estadual desde 1965, no auge do movimento pelos direitos civis. A mobilização de tropas regulares em solo americano como os fuzileiros navais é ainda mais incomum. A legislação americana proíbe amplamente o uso do Exército como força policial, exceto em caso de insurreição.

Crescem as especulações de que Trump poderia invocar a Lei da Insurreição, que lhe daria liberdade para usar tropas regulares em todo o país. Trump “está tentando usar declarações de emergência para justificar primeiro trazer a Guarda Nacional e, em seguida, mobilizar os fuzileiros navais”, disse à AFP Frank Bowman, professor de direito da Universidade de Missouri.

O acadêmico apontou que a “suspeita” é que o presidente busque alimentar a ideia de que “há uma emergência genuína e uma verdadeira insurreição contra as autoridades, o que lhe permite começar a usar ainda mais força”.




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