Epidemiologista Ana Baptista Menezes ressalta que todos os indícios orgânicos são determinantes para identificar a presença da doença
Mas a epidemiologista Ana Baptista Menezes, que integrou a equipe de pesquisadores no estudo, explica que o cenário não mudou e que todos os indícios orgânicos são importantes para aferir a presença ou não do vírus em uma pessoa. “Sintomas de dor de garganta, tosse, alteração de olfato e de paladar e diarreia foram mais frequentes nos casos deste recorte que se refere às três ondas do estudo”, contou a professora e pesquisadora. Ela ressaltou que os pacientes em questão não estão com sintomas agudos no momento. “Fizeram os testes rápidos que deram positivo, mas já estão em domicílio. A pesquisa não abordou pacientes graves em hospitais ou serviços de saúde. Mas o fato de um sintoma ser mais frequente que o outro não significa que alguma coisa mudou”, acrescenta.
Para o estudo, 4,5 mil testes rápidos foram feitos entre sábado e segunda-feira, onde foram descobertos dez novos casos positivos. Juntando as três fases da pesquisa, das 18 pessoas que tiveram testes positivos à doença, o sintoma mais relatado foi dor de garganta (22%), seguido de tosse (17%), alterações no olfato e paladar (17%) e diarreia (17%). Segundo o reitor da UFPel, Pedro Hallal, a avaliação dos sintomas confirma a teoria de que muitas pessoas deixam de procurar o serviço de Saúde. A médica lembra que, à medida que a Covid-19 é mais estudada, com o passar do tempo, outros tipos de sintomas podem aparecer. “Algumas pessoas relataram dores musculares no corpo depois de um tempo. E, agora, uma agência dos Estados Unidos cita como ‘novos sintomas’ arrepios, palpitações, tremores repetitivos, dores de cabeça, por exemplo”.
Ana Menezes esclarece que as pessoas que passaram pelo teste rápido que deu positivo não necessariamente estão com a infecção no momento. “Significa que estão com anticorpos para a Covid-19. Provavelmente, tiveram contato anteriormente e ficaram assintomáticos. E, depois de cerca de 14 dias, aparece o positivo”, salienta. A especialista reitera a necessidade de se atentar para todos os sintomas que aparecerem. “Outras aparecerão, mas não se deve tirar a relevância da febre, assim como não se afirmar que a dor de garganta é o sintoma mais importante porque deu um percentual. Temos que ter cuidado quando avaliamos sintomas em pessoas que não estão mais na fase aguda da doença, os que estão nos serviços de saúde e aqueles em leitos de UTI, são três grupos diferentes”, conclui.
Lesões na pele
Apesar de não ser prevalente, sintomas na pele também podem aparecer em pacientes acometidos pela Covid-19. O tema foi debatido em um Webinar promovido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia-Secção RS (SBD-RS). “Vemos um crescimento de estudos científicos que nos mostram dados estatísticos bem diversos. Os levantamentos procuram quantos pacientes tiveram algum tipo de alteração na pele. A erupção maculopapular (caracterizada por uma área vermelha e plana na pele) é a situação mais frequente, porém, não conseguimos saber se ela é exatamente causada pela Covid-19” afirmou a dermatologista Vanessa Santos da Cunha.
A médica também comentou as reações cutâneas em profissionais da saúde, sendo recomendado o uso frequente de cremes hidratantes para amenizar o ressecamento da pele. Também destacou a importância dos profissionais dermatologistas atuarem, além da máscara e luvas com toucas, uma vez que há um movimento rotineiro de levar as mãos aos cabelos, o que pode levar à contaminação.
Correio do Povo/Christian Bueller