Sessão foi suspensa após voto de ministro e será retomada na quinta
Foto: José Cruz / Agência Brasil / CP
O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira a favor do recebimento parcial da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e a prefeita de Rio Bonito (RJ) e ex-deputada federal, Solange Almeida, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O ministro é o relator do inquérito no STF.
Após o voto de Zavascki, a sessão foi suspensa e será retomada nesta quinta, com os votos dos demais ministros da Corte. Se a maioria dos 10 ministros decidir pelo recebimento de denúncia, Cunha e Solange passarão à condição de réus no processo.
De acordo com voto do ministro, há indícios suficientes de que Eduardo Cunha pressionou, partir de 2010, o ex-consultor da empresa Mitsui e um dos delatores da Lava Jato, Júlio Camargo, para que o empresário voltasse a pagar propina por um contrato de navios-sonda com a Petrobras, cuja negociação foi interrompida por problemas jurídicos.
Para o ministro, a pressão ocorreu por meio do lobista Fernando Baiano, que foi autorizado a usar o nome de Cunha para fazer as cobranças, e de requerimentos apresentados pela ex-deputada federal Solange Almeida à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, com objetivo de investigar contratos da Mitsui e pressionar Camargo a pagar as parcelas restantes da propina.
Outras acusações da PGR a Eduardo Cunha foram rejeitadas pelo ministro. Segundo o relator, aparte da denúncia que se refere à celebração inicial dos contratos da Petrobras com a Samsung Heavy apresenta exclusivamente depoimentos de delatores, sem apresentação de provas.
No entendimento do ministro, os delatores Paulo Roberto Costa (ex-diretor da Petrobras), e doleiro Alberto Rousseff afirmaram que Cunha não teve participação nas etapas iniciais da celebração de contrato, que ficou a cargo do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Nestor Cerveró. Também não foram apresentadas provas de que Cunha seria “sócio-oculto” do lobista Fernando Baiano na parte inicial do contrato.
Procuradoria
Em sustentação oral no início da sessão desta quarta, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que Cunha usou o cargo para receber 5 milhões de dólares em propina. “Portanto, o que se pode afirmar é que houve pagamento de propina nas sondas, o deputado e a deputada, ambos, utilizaram o cargo para pressionar e forçar o pagamento de propina. O deputado Eduardo Cunha recebeu, no mínimo, 5 milhões de dólares, e eles indicaram a forma de forma de lavagem do dinheiro”, disse Janot.
No julgamento, a defesa de Cunha desqualificou o depoimento dos delatores, e a defesa da ex-deputada afirmou que ela nunca pediu, nem recebeu dinheiro desviado da Petrobras.