Presidente participava de evento sobre fluxo migratório de venezuelanos em Roraima
Presidente participava de evento sobre fluxo migratório de venezuelanos em Roraima | Foto: Alan Santos / PR / CP
Apesar de dizer que o Brasil está ampliando o apoio a pessoas em situação de vulnerabilidade decorrente do fluxo migratório, o presidente Michel Temer deixou uma entrevista coletiva nesta quinta-feira, no abrigo para acolher venezuelanos em Roraima sem dar uma resposta sobre a situação das 49 crianças brasileiras que foram separadas dos pais nos Estados Unidos. Assim que ouviu os jornalistas perguntarem sobre o que o governo brasileiro está fazendo em relação às crianças presas nos EUA, a assessoria encerrou a coletiva e Temer saiu do local sem responder a questão ou dar seu posicionamento sobre o caso.
As novas medidas de “tolerância zero” adotadas pelo governo Trump em abril determinavam que todos os imigrantes que entrassem no país de maneira clandestina seriam processados criminalmente. A orientação se aplicava mesmo aos que pediam asilo e aos que estavam acompanhados de menores.
Acusados da prática de crime, os adultos eram levados a prisões federais, onde não há instalações para crianças e adolescentes. Com isso, as famílias eram separadas e os filhos iam para abrigos ou centros para menores “desacompanhados”.
Na quarta-feira, contudo, Trump assinou um decreto que impede a separação de famílias presas ao cruzarem a fronteira. Imigrantes menores de idade e seus pais (ou tutores) não poderão mais ser separados ao serem capturados. O núcleo familiar será mantido unido enquanto os adultos respondem à Justiça americana.
Para a coordenadora de programas da Conectas Direitos Humanos, Camila Asano, que acompanha desde o ano passado a crise migratória, a visita de Temer a Roraima na semana em que se comemora o Dia Mundial do Refugiado é uma curiosa contradição. “Desde que a crise de migração venezuelana se agravou, no ano passado, nenhum cidadão desse país teve seu status de refúgio reconhecido. Atualmente, mais de 22 mil venezuelanos aguardam a apreciação de seu pedido de refúgio”, revelou.
Camila afirmou que esse reconhecimento representaria uma necessária segurança jurídica a pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social e que necessitam recomeçar suas vidas integradas à sociedade brasileira.
Correio do Povo