Presidente afirmou que não há prova de que cometeu corrupção passiva
Temer disse que denúncia de Janot não tem fundamentos jurídicos | Foto: Beto Barata / Divulgação / CP
O presidente Michel Temer realizou um pronunciamento na tarde desta terça-feira após ser denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de corrupção passiva. Temer partiu para o ataque, fez diversas críticas a Janot e chamou a denúncia de “ficção”.
“O sr. grampeador (Joesley Batista) foi movido pelo desespero de escapar da cadeia para ter a homologação de uma delação. Ainda não está claro o que moveu Janot, que homologou uma delação e distribuiu o prêmio da impunidade. Criaram uma trama de novela. A denúncia é uma ficção”, disse Temer em seu discurso.
De acordo com Temer, a denúncia de Janot não tem fundamentos jurídicos. “Eu sou da área jurídica. Não me impressiono muitas vezes com a falta de fundamentos jurídicos porque advoguei por mais de 40 anos. Sei quando uma matéria tem fundamentos jurídicos e quando não tem. Sobre o foco jurídico a minha preocupação é mínima”, disse Temer.
“Se fosse só o aspecto jurídico não estaria fazendo esse esclarecimento. Faço em função da questão política, do ataque à minha dignidade pessoal. Eu tive ao longo da vida, uma vida muito produtiva e limpa”, afirmou o presidente, que reforçou que a denúncia de Janot não apresente nenhuma prova contra ele.
“Fui denunciado por corrupção passiva sem jamais ter recebido valores. Nunca vi o dinheiro e não participei de acertos para cometer ilícitos. Onde estão as provas concretas de recebimento desses valores?”, questionou antes mesmo de responder. “Elas inexistem”, completou o presidente.
Críticas a ex-procurador
Durante seu pronunciamento, o presidente Michel Temer fez críticas ao ex-procurador da República Marcelo Miller. Ex-integrante da equipe do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Miller pediu exoneração do cargo em março e agora trabalha em um escritório de advocacia que negociou um acordo de leniência com a JBS.
“Marcelo Miller, homem da mais estrita confiança do procurador-geral deixou seu emprego, que é um sonho de milhares de advogados, para trabalhar em empresa que negocia delações. Ganhou milhões em poucos meses, o que levaria décadas para poupar”, disse o presidente.
Ao questionar a postura de Miller, Temer disse então que não faria ligação com Rodrigo Janot, por isso seria ilação, o que ele diz ter sido feito pelo procurador-geral da República na sua denúncia.
“Eu terei responsabilidades e não farei ilações. Tenho convicção de que não posso denunciar sem provas. Não posso fazer, então, ilações. Não posso ser irresponsável”, declarou o presidente.
Frase que chama atenção
Já na parte final do seu pronunciamento, o presidente Michel Temer fez uma frase que chamou atenção. No cargo por conta do impeachment de Dilma Roussef, Temer disse ter orgulho de ser presidente e afirmou não saber como chegou ao posto. “Eu tenho orgulho de ser Presidente. Não sei como Deus me colocou aqui”, disse Temer no encerramento do discurso.