Na avaliação do Ministro, os problemas relacionados a imigrantes não vêm da União Europeia
Foto: Rovena Rosa / ABr / CP
O ministro das Relações Exteriores, José Serra, lamentou, nesta sexta-feira, a saída do Reino Unido da União Europeia. Para ele, o ideal era uma “União Europeia fortalecida, arrumada”. O ministro atribuiu a decisão dos britânicos a um sentimento nacionalista com base no argumento, que, para ele, não é sólido, de que a criação de restrições à imigração é um mecanismo de proteção do emprego dos ingleses.
“Lamentamos que isso tenha acontecido. […] Muitas análises feitas nos últimos meses mostraram que, para a Inglaterra, não seria bom negócio sair da União Europeia”, disse o ministro lembrando que, mesmo com as análises, a maioria dos cidadãos, votou pela saída, “inclusive, invocando-se um argumento que não é tão sólido, que é a questão das imigrações”. A análise foi feita em entrevista à Rádio Bandeirantes.
Na avaliação de Serra, os problemas relacionados a imigrantes não vêm da União Europeia. “As migrações que poderiam dar problema para o mercado de trabalho na Inglaterra são de outros territórios do mundo, onde eles já tinham autonomia para regular, para deixar ou não [entrar]”. Para ele, o voto dos britânicos foi “especialmente emocional”.
Contudo, Serra lembrou da potência comercial que é a União Europeia e enfatizou que o Brasil vai buscar o bom relacionamento com o Reino Unido. O ministro fez várias referências diretas à Inglaterra, a qual classificou como um dos países menos protecionistas do continente, comercialmente falando.
“Cinquenta e sete porcento do PIB da Inglaterra é comércio, importação e exportação. É realmente incrível a abertura e nós vamos procurar um entendimento direto com o Reino Unido, que vai ser mais fácil do que com a União Europeia no seu conjunto. […] Entre países, posso dizer que é uma pena o que aconteceu. O que vamos procurar é situar o Brasil no novo quadro e proteger os nossos interesses”.
Respeito ao resultado
Em nota oficial, o ministério das Relações Exteriores adotou um tom menos opinativo e falou em “respeito ao resultado” do referendo dessa quinta-feira. A pasta acrescentou que confia na continuidade da integração europeia, apesar da saída do Reino Unido do bloco.
“O governo brasileiro recebe com respeito o resultado do referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia. O Brasil confia que essa decisão não irá deter o processo de integração europeia, nem o espírito de abertura ao mundo que caracterizam, e devem continuar a caracterizar, tanto o Reino Unido como a UE. Confia, igualmente, que todos os esforços serão feitos para assegurar uma transição suave e estável”.
Em relação aos laços comerciais do Brasil com o Reino Unido e a União Europeia, o Itamaraty disse que o “Brasil mantém parceria estratégica com a UE, que completará 10 anos em 2017 e abrange 32 diferentes diálogos setoriais. […] No espírito das tradicionais e estreitas relações entre o Brasil e o Reino Unido […], continuaremos a cooperar no amplo espectro de interesses comuns e a reforçar, em novos moldes, a relação comercial bilateral e a promoção de investimentos recíprocos”.
Correio do Povo