Search
sexta-feira 22 novembro 2024
  • :
  • :

Se non è vero è bene trovato O triste fim de Benedetto

A imagem pode conter: comida

Antes da Páscoa um pouco de humor negro hehehe

Se non è vero è bene trovato
O triste fim de Benedetto

Fim dos anos sessenta, época em que todos que moravam no interior tinham seu próprio galinheiro.

Época em que ainda não haviam nascido os frangos em pedaços e com peito duplo e macio.
Mas não vou falar sobre galinhas e sim sobre os hóspedes eventuais de nosso galinheiro, os coelhos.
Vinham não sei de onde, chegavam filhotinhos, branquinhos ou cinzas e logo logo se tornavam a paixão da criançada..
E com o Benedetto, uma bolinha de pelos brancos, não foi diferente.
Quatro crianças disputando sua fofura entre brigas e abraços apertados demais, enquanto ele só pensava em fugir e por isso quase era esgoelado enquanto o segurávamos pelo pescoço.

Excesso de amor não correspondido.
Apesar de ser tratado como um bichinho de estimação, todos sabíamos que os bichos do galinheiro destinavam-se a panela e nem nos ocorria questionar.

Era fato consumado.

Fazia parte da vida.
Mas o fim do Benedetto foi um pouco diferente.
Um dia ao chegarmos do colégio e ele já estava morto e nos fundos da casa estava montada uma mesa de autópsia improvisada com a tábua do tanque.
Meu pai, um dentista que sempre gostou de cirurgia, nos esperava de avental e bisturi na mão, convocando os quatro filhos para assistirem uma aula de anatomia.
Com habilidade abriu o Benedetto pela barriga e foi dissecando o pelo, depois disso foi nos mostrando órgão por órgão explicando a função de cada um.
Longe de nos horrorizarmos com a morte estávamos fascinados pelo milagre da vida e não entendíamos o escândalo que minha mãe fazia no alto da escada chocada com a invasão de privacidade na morte do coelho.
Acostumada a matar os bichos que comíamos, sem muita frescura, ficou indignada com o uso da morte para outros fins que não para alimentar a família.
Meu pai sem se abalar com as blasfêmias dela continuou até o fim, com a platéia grudada na tábua do tanque, interessadíssima na anatomia, das tripas ao coração.
Terminada a autópsia, sem sentimentalismo entregou o Benedetto para minha mãe , sugerindo um coelho com polenta para jantar.
O que foi feito e apreciado por toda essa família de bárbaros, pois esse era um território no qual ela conhecia todos os segredos e ninguém se atrevia a dar palpites.

Foto do perfil de Viviane Maria Foresti, A imagem pode conter: 2 pessoas, pessoas sorrindo, área interna e close-up
Viviane M Foresti




error: Content is protected !!