Obra inspirada em disco voador é uma homenagem ao escritor Artur Berlet, que dizia ter sido abduzido por extraterrestres
Um monumento com temática alienígena chama atenção na cidade de Sarandi, no norte do RS. Trata-se de uma homenagem ao antigo tratorista e escritor Artur Berlet, que, em 1958, dizia ter sido abduzido por extraterrestres e levado até um planeta chamado Acart (leia mais abaixo).
Situado em um dos pontos mais elevados da Praça da Cidadania Arduíno Saretto, localizada no bairro Vicentinos, o projeto arquitetônico em concreto armado foi desenvolvido para representar um disco voador. Possui 15 metros de comprimento por cinco metros de altura. Além disso, tem no centro uma esfera de 2m60cm. A iluminação embutida no piso, que atualmente não está em funcionamento por ter sido furtada, proporcionava um efeito luminotécnico durante a noite, remetendo a um disco voador. O projeto foi idealizado pelo arquiteto Norton Faccenda, e a construção ficou sob responsabilidade da Engearte Construtora e Incorporadora.
A obra, que teve início em 13 de agosto de 2020, custou quase R$ 157 mil e foi praticamente finalizada em novembro de 2021 pela administração do prefeito Leonir Cardozo. Porém, com a troca da gestão municipal, não foi inaugurada oficialmente até hoje, o que gera questionamentos.
— Para nós, sem dúvida, esse monumento é um orgulho, porque até então a gente era motivo de piada — revela Alison Berlet de Almeida, neto do homenageado. — A história que o meu avô viveu, e o livro que ele escreveu, foram motivos para levar o nome de Sarandi para o mundo inteiro — completa.
O neto, que exerce a função de fotógrafo, lastima que não houve uma inauguração oficial até agora:
— Tinham dito para nossa família que o monumento teria luz e uma placa, mas não possui nada disso. Porém a estrutura está concluída — critica.
Há poucos dias, o parente do homenageado decidiu fazer um teste. Ficou próximo ao monumento até que algumas pessoas chegassem perto. E questionou se alguém sabia o que representava ou a quem prestava tributo.
— Ninguém tinha ideia do que era. E muito menos para quem foi feito — conta, reclamando da falta de uma placa de identificação.
O ex-prefeito Leonir Cardozo explica que a ideia de criar o monumento foi para homenagear Berlet e fomentar o turismo, atraindo mais visitantes à cidade.
— Infelizmente, não conseguimos vencer toda a burocracia para concluí-lo na nossa gestão — lamenta o ex-prefeito, dizendo que parte dos recursos para executar a obra veio do governo federal, e outra, do próprio município.
Cardozo cita o que precisa ser feito para o monumento inspirado em um disco voador poder ser, enfim, inaugurado:
— Ali falta pouca coisa: é pintura e acabamento.
Procurada, a atual administração de Sarandi afirmou que não iria se manifestar sobre a situação do monumento. A assessoria de imprensa da prefeitura apenas respondeu que a obra não estaria 100% concluída e que algumas intervenções estariam programadas para serem realizadas.
Quem foi Artur Berlet
Artur Berlet afirmava ter sido abduzido por alienígenas e levado em uma viagem interplanetária. O relato do sarandiense está registrado nas páginas do livro Os discos voadores, da utopia à realidade – Narrativa de uma real viagem a outro planeta, que teve a quarta edição lançada pela editora Berthier no ano passado.
A história da abdução relatada no livro começa em 14 de maio de 1958. Exercendo a profissão de fotógrafo ambulante, Berlet perdeu o ônibus quando tentava voltar do interior para Sarandi. Estava entre o município e um ponto de bifurcação conhecido por Natalino, um trajeto de 18 quilômetros, que procurava superar a pé. Conforme seu relato, em torno das 19h, quando passava pela fazenda de propriedade de Dionísio Peretti, uma luz a cerca de 200 metros de onde se encontrava na estrada chamou sua atenção no meio do mato. Aproximou-se para ver e, como aponta, perdeu os sentidos.
A partir daí, sua descrição detalha que, ao despertar, descobriu que estava em um planeta chamado Acart, a 65 milhões de quilômetros da Terra. Lá teria vivido diversas experiências. Após oito dias, Berlet foi conduzido de volta para casa, onde se trancou e ficou sem sair até ter coragem de pegar lápis e papel e escrever tudo o que vivenciou. Escreveu seu relato em cadernos sem margens, parágrafos ou pontuação.
Berlet foi casado com Hildegart Kaiser Berlet e teve três filhas e um filho. Antes de ser fotógrafo ambulante, ele trabalhou como tratorista na prefeitura de Sarandi. Morreu em 6 de julho de 1994, aos 63 anos, em decorrência de um enfisema pulmonar.