Em Porto Alegre, manifestantes se concentraram na Esquina Democrática depois de uma caminhada pelas principais ruas da Capital
A mobilização nacional ocorreu em reação ao bloqueio, realizado pelo Ministério da Educação (MEC) no final de abril, de parte do orçamento das 63 universidades e dos 38 institutos federais de ensino. O corte, segundo o governo, foi aplicado sobre gastos não obrigatórios, como água, luz, terceirizados, obras, equipamentos e realização de pesquisas. Despesas obrigatórias, como assistência estudantil e pagamento de salários e aposentadorias, não foram afetadas. No total, considerando todas as universidades, o corte é de R$ 1,7 bilhão, o que representa 24,84% dos gastos não obrigatórios (chamados de discricionários) e 3,43% do orçamento total das federais.
A manifestação em Porto Alegre
A tarde de quarta-feira foi marcada por diversas etapas da mobilização, em Porto Alegre, contra os cortes na educação. Por volta das 14h os manifestantes realizaram um abraço simbólico ao prédio do Instituto de Educação General Flores da Cunha, na avenida Osvaldo Aranha. Logo após teve início a caminhada dos estudantes, professores e funcionários de instituições de ensino rumo ao Centro da Capital. O trajeto começou na contramão na Osvaldo Aranha, com o auxílio da EPTC.
Os manifestantes seguiram em direção ao Túnel da Conceição, depois para a avenida Alberto Bins e ingressaram na rua Coronel Vicente, em direção à sede do Campus Porto Alegre do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), na esquina com a rua Voluntários da Pátria. Após, a caminhada seguiu em direção à agência do INSS, entre a avenida Mauá e a rua Siqueira Campos, também no Centro. Na sequência o ato seguiu até a Esquina Democrática, onde houve uma nova concentração. A organização do ato estima que pelo menos 30 mil participaram da mobilização.
Foto: Guilherme Almeida
O caminhão de som foi embalado por discursos de lideranças do movimento estudantil, entre elas a presidente do Cpers, Helenir Schürer. “As ruas de Porto Alegre pertencem à resistência. Estaremos por muitos dias nas ruas, porque este foi o início, se engana quem acha que vamos parar por aqui”, afirmou. Conforme Helenir, o sonho da educação não pode encerrar no 3º ano do ensino médio. “Seguiremos até termos a vitória. Nós queremos acabar com os cortes da educação e derrubar a reforma da Previdência”, destacou. O ato, segundo ela, também foi um “esquenta” para a Greve Geral de 14 de junho, organizada pelas centrais sindicais.
Já no final da tarde e início da noite, a caminhada até a Esquina Democrática começou pela Avenida Loureiro da Silva. Uma das pistas foi completamente tomada pelos manifestantes. Mesmo com grande número de manifestantes, o deslocamento foi tranquilo, e acompanhado sem incidentes pela Brigada Militar.
Depois, estudantes e professores seguiram pela Borges de Medeiros, acompanhados de perto com trânsito bloqueado por agentes da EPTC. Após 40 minutos de caminhada desde a Faced, grupo chegou até a Esquina Democrática. De acordo com a estimativa dos organizadores do protesto, número de pessoas chegava próximo aos 30 mil.
A Borges de Medeiros foi completamente tomada pelos estudantes que cantavam palavras de ordem contra os cortes de orçamento. Protestos contra a Reforma da Previdência também apareceram nos cartazes. Grupos também convocavam os presentes para a Greve Geral, no dia 14 de junho. A manifestação, já no Largo Zumbi dos Palmares, começou a se dispersar no ponto final marcado.
Apesar da concentração de alunos e professores estar marcada para iniciar apenas pela tarde, desde o início da manhã era grande a aglomeração de público nos arredores do câmpus central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), na Capital.
Por volta do meio-dia houve um tumulto entre manifestantes e a Brigada Militar quando um grupo que panfleteava no local tentou bloquear o trânsito na avenida Sarmento Leite. Três bombas de efeito moral foram arremessadas pelo Pelotão de Operações Especiais (POE) do 9º Batalhão da Brigada Militar (9º BPM). Apesar da correria, não houve registro de feridos e os manifestantes acabaram dispersando logo após o tumulto.
As mobilizações pelo RS
Em outras cidades do Estado, também foram registradas manifestações.
Santa Cruz do Sul
Na região do Vale do Taquari, em Santa Cruz do Sul, o movimento ocorreu nas proximidades do Parque da Oktoberfest. Pelo menos 34 escolas da cidade participaram do ato, que também reuniu manifestantes contra a Reforma da Previdência.
Frederico Westphalen
Em Frederico Westphalen, região norte do Estado, professores e estudantes do Campus da Universidade Federal de Santa Maria e do Insitituto Federal da cidade participaram das paralisações. O grupo montou e expôs um varal de trabalhos científicos no centro da cidade.
Foto: Agostinho Piovesan / Especial / CP
Pelotas
No Sul do Estado, em Pelotas, mais de 8 mil pessoas participaram dos protestos. A maioria do grupo era formada por estudantes da Universidade Federal de Pelotas. Alunos do IFSul também estiveram presentes no ato.
Uruguaiana
Na fronteira, em Uruguaiana, grupo se reuniu na Pracinha do Trevo, por volta das 14h. Estiveram presentes alunos da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), membros do Cpers e do Instituto Federal Farroupilha (IFF). Estudantes das redes estadual e municipal também participaram.
Região metropolitana
Na região metropolitana, manifestações ocorreram em diversas cidades, como Alvorada, Canoas e Cachoeirinha. Professores, sindicatos e servidores marcaram presença nos atos de protestos.