A Polícia Federal (PF) deflagrou no começo da manhã desta sexta-feira a operação Timóteo, que investiga esquema de corrupção em cobrança de royalties da exploração mineral. O objetivo da ofensiva é cumprir 29 conduções coercitivas, quatro mandados de prisão preventiva, 12 mandados de prisão temporária em 10 estados, além do Distrito Federal: Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.
Além dos mandados, a PF deve realizar o sequestro de três imóveis e bloqueio judicial de valores depositados que podem alcançar R$ 70 milhões. O juiz do caso determinou que os municípios se abstenham de realizar quaisquer atos de contratação ou pagamento aos três escritórios de advocacia e consultoria sob investigação.
As provas recolhidas pelas equipes policiais devem detalhar como funcionava um esquema em que um diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral, detentor de informações privilegiadas a respeito de dívidas de royalties, oferecia os serviços de dois escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria a municípios com créditos de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) junto a empresas de exploração mineral.
Quatro grandes núcleos
Segundo a investigação da PF, a organização se dividiu em quatro grandes núcleos. O primeiro era chamado de “captador”, formado por um diretor e pela esposa, que realizava a captação de prefeitos interessados em ingressar no esquema. O grupo também contava com o núcleo “operacional”, que era composto por escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria em nome da mulher, responsável por repassar valores indevidos a agentes públicos.
Conforme a PF, havia também o núcleo “político”, integrado por agentes do meio e por servidores públicos responsáveis pela contratação dos escritórios de advocacia que trabalhavam no esquema. O quarto setor da organização era conhecido como “colaborador” e auxiliava na ocultação e dissimulação do dinheiro.
Entre os investigados por este apoio na lavagem do dinheiro está um líder religioso que recebeu valores do principal escritório envolvido no esquema. A suspeita a ser esclarecida pelos policiais é se este homem teria “emprestado” contas correntes de uma instituição religiosa sob sua influência com a intenção de ocultar a origem ilícita dos valores.
Timóteo
O nome da operação é referência a uma passagem do livro Timóteo, integrante da Bíblia Cristã. Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição.
Correio do Povo