PF em Roma recebe vídeos de aeroporto com hostilidades contra Moraes
Gravações podem ajudar a dirimir contradições identificadas nas versões dadas sobre a confusão
A Adidância da Polícia Federal em Roma recebeu nesta quinta-feira os arquivos das câmeras de segurança de Fiumicino, o aeroporto internacional da capital italiana, onde, segundo investigações, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes sofreu hostilidades, na sexta-feira passada.
De acordo com informações da Agência Estado (AE), a corporação agora aguarda o aval de autoridades italianas para que as gravações sejam transferidas aos investigadores no Brasil, pelo canal de cooperação jurídica internacional.
As gravações podem ajudar a dirimir contradições identificadas nas versões dadas sobre a confusão no aeroporto de Roma envolvendo Moraes, familiares do ministro e três brasileiros suspeitos de terem hostilizado o magistrado.
Os alvos principais da investigação são o casal Andréia Munarão e Roberto Mantovani Filho, além de Alex Zanatta Bignotto, genro de Mantovani Filho.
O casal teve endereços no interior paulista vasculhados pela PF na terça-feira passada, no inquérito que investiga suspeita de crimes de injúria, perseguição e desacato.
Ainda não tornadas públicas, as fundamentações da ordem de busca e apreensão – autorizada pela presidente do Supremo, ministra Rosa Weber -, foram questionadas por constitucionalistas e criminalistas, para os quais a medida pode não ter “qualquer utilidade” para o inquérito.
Versões
Antes de as gravações de Fiumicino chegarem à PF em Roma, os três suspeitos entregaram às autoridades brasileiras um vídeo da confusão na capital italiana. Nas imagens, segundo relato do advogado Ralph Tórtima Filho, que defende Andréia e Mantovani Filho, Moraes aparece xingando um dos supostos agressores de “bandido”.
Ainda de acordo com o advogado, o vídeo começou a ser gravado depois que o ministro se aproximou dos três investigados para retirar o filho da confusão. Nesse momento, relatou Tórtima Filho, Moraes tirou uma foto do casal e de Bignotto e alertou para as “consequências” do que haviam feito.
De acordo com a PF, no entanto, Andréia xingou Moraes de “bandido” e “comprado”. Na sequência, o marido dela reforçou as ofensas e agrediu fisicamente o filho do ministro, um advogado de 27 anos. Além do casal, Bignotto dirigiu à família de Moraes palavras de baixo calão.
Mantovani Filho, Andreia e Bignotto já prestaram depoimento e negaram ter hostilizado o ministro. Eles foram ouvidos na PF de Piracicaba, no interior paulista. A família reside na cidade de Santa Bárbara d’Oeste, a cerca de 30 quilômetros de Piracicaba.
Tórtima Filho disse que, no depoimento, Mantovani Filho relatou que houve um “entrevero” no aeroporto envolvendo o filho de Moraes. “Ele (Mantovani) reconheceu que houve um entrevero com um jovem. Somente quando desembarcaram e foram abordados pela Polícia Federal no aeroporto é que tomaram conhecimento de que se tratava de um filho do ministro”, afirmou o advogado.
Ainda segundo o advogado, Mantovani e Andréia relataram que a confusão resultou de uma disputa por espaço na sala vip do aeroporto de Roma. Sem conseguir lugares, os dois se incomodaram ao ver Moraes passando com a família. “Para político tem lugar, para gente com criança, com idoso, não tem”, afirmou Andréia, conforme o defensor.
De acordo com Tórtima Filho, Mantovani também negou à PF que tenha empurrado o ministro ou o filho de Moraes, mas admitiu ter “afastado” uma pessoa que havia ofendido a mulher dele.