Operação Timóteo investiga esquema de corrupção na cobrança de royalties
Pastor Silas Malafaia é alvo de operação da PF | Foto: Facebook / Divulgação / CP
O pastor Silas Malafaia é alvo da operação Timóteo, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira em 10 estados do Brasil, além do Distrito Federal. Segundo informações do jornal Folha de São Paulo, Malafaia foi conduzido coercitivamente na capital paulista. A ação investiga esquema de corrupção em cobrança de royalties da exploração mineral.
Por meio de seu perfil na rede social Twitter, Malafaia disse que foi acordado na manhã de hoje por um telefonema que informava que a corporação havia estado em sua casa. “Estou em São Paulo e vou me apresentar”, garantiu.
Em outro post, ele explicou que recebeu um cheque no valor de R$ 100 mil de um amigo também pastor. “Não sei e não conheço o que ele faz. Tanto é que o cheque foi depositado em conta. Por causa disso sou ladrão?”, questionou.
Ainda em seu perfil no Twitter, Malafaia disse receber ofertas de inúmeras pessoas e que declara todos os valores por meio do imposto de renda. “Quer dizer que, se alguém for bandido e me der uma oferta, sem eu saber a origem, sou bandido?”.
Ao final, o pastor classificou a condução coercitiva como uma tentativa para desmoralizá-lo em meio à opinião pública. “Não poderia ter sido convidado a depor? Vergonhoso”, disse. “Será que a Justiça não tem bom senso? Pra saber que eu recebi um cheque de uma pessoa e isso me torna participante de crime? Estou indignado”, concluiu.
Operação em 10 estados
O objetivo da ofensiva é cumprir outras 28 conduções coercitivas, quatro mandados de prisão preventiva, 12 mandados de prisão temporária em 10 estados, além do Distrito Federal: Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.
Além dos mandados, a PF deve realizar o sequestro de três imóveis e bloqueio judicial de valores depositados que podem alcançar R$ 70 milhões. O juiz do caso determinou que os municípios se abstenham de realizar quaisquer atos de contratação ou pagamento aos três escritórios de advocacia e consultoria sob investigação.
As provas recolhidas pelas equipes policiais devem detalhar como funcionava um esquema em que um diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral, detentor de informações privilegiadas a respeito de dívidas de royalties, oferecia os serviços de dois escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria a municípios com créditos de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) junto a empresas de exploração mineral.
Quatro grandes núcleos
Segundo a investigação da PF, a organização se dividiu em quatro grandes núcleos. O primeiro era chamado de “captador”, formado por um diretor e pela esposa, que realizava a captação de prefeitos interessados em ingressar no esquema. O grupo também contava com o núcleo “operacional”, que era composto por escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria em nome da mulher, responsável por repassar valores indevidos a agentes públicos.
Conforme a PF, havia também o núcleo “político”, integrado por agentes do meio e por servidores públicos responsáveis pela contratação dos escritórios de advocacia que trabalhavam no esquema. O quarto setor da organização era conhecido como “colaborador” e auxiliava na ocultação e dissimulação do dinheiro.
Entre os investigados por este apoio na lavagem do dinheiro está um líder religioso que recebeu valores do principal escritório envolvido no esquema. A suspeita a ser esclarecida pelos policiais é se este homem teria “emprestado” contas correntes de uma instituição religiosa sob sua influência com a intenção de ocultar a origem ilícita dos valores.
Correio do Povo