Parlamentares do Novo pedem à Justiça que barre “autopromoção” de Lula em redes sociais do governo
Segundo o grupo, presidente usou veículo oficial como instrumento de propaganda
A ação protocolada na 9ª Vara Federal Cível do DF sustenta que a “confusão entre a conta pessoal do presidente e canais oficiais de governo” configura “frontal violação ao princípio da impessoalidade administrativa”. O texto é assinado pelos deputados Gilson Marques Vieira e Marcel Van Hattem, pela deputada Adriana Ventura e pelo senador Eduardo Girão.
No centro do questionamento, publicações em diferentes perfis do governo, não só o da Presidência, mas também os dos Ministérios das Cidades, das Comunicações e das Relações Exteriores. Segundo os parlamentares, veículos oficiais do governo vêm sendo utilizados como “instrumento para autopromoção pessoal do usuário @LulaOficial, personificando o Estado na imagem do agente político”.
O Novo contesta não só posts que fazem referência ao perfil pessoal de Lula, mas também conteúdos onde veem “clara e ilegal confusão entre as expressões ‘Governo Federal’ e ‘Governo Lula”. Uma das publicações impugnadas conta com a divulgação de um vídeo do programa Farmácia Popular, no qual aparece o braço de um homem com uma tatuagem de Lula.
O Novo aponta “ausência de qualquer contexto coletivo e relevância pública” na imagem: “irrefutável a utilização da postagem como meio de enaltecimento da personalidade do atual Presidente da República”.
A ação também cita uma série de vídeos veiculados pela Presidência com a hashtag #ConversaComOPresidente. Os parlamentares dizem que, nos conteúdos, não há “informação educativa, informativa ou de orientação social”, e sim “discursos e juízos de valores pessoais” de Lula.
Para o Novo, aparecem, reiteradamente, nos canais oficiais do governo, “nomes próprios e imagens de glorificação dos feitos frente à Presidência da República, com latente cunho eleitoral, sob a falsa escusa de informar a população sobre temas de interesse público”.
“Face à presença de nomes denotativos dos agentes políticos, mormente do atual chefe do poder executivo federal, para fins de associá-los com conquistas ou avanços nacionais, resta configurada a promoção pessoal e, consequentemente, a violação dos princípios da impessoalidade, moralidade e finalidade”, sustenta a legenda.
O partido chega a citar uma decisão da própria Justiça Federal do DF que, em fevereiro de 2022, mandou o então governo Jair Bolsonaro se abster de usar perfis oficiais para “divulgar publicidade que contenha nomes, símbolos e imagens de autoridades, ou qualquer identificação de caráter promocional de autoridades ou servidores públicos”.
Nessa linha, o Novo argumenta: “Uma vez reconhecida, inclusive pelo ora agente violador, a ilegalidade da autopromoção em contas oficiais do governo, de rigor o provimento dessa Ação Popular, para que se coíba idêntica conduta, agora apenas praticada por outro eixo político, sob pena de violação à isonomia.”
*Com informações da Agência Estado (AE)