Boeing espera vendas de aeronaves novas acima dos 43 mil unidades em 20 anos
A demanda por aviões de passageiros novos deverá cair na próxima década devido à redução do tráfego aéreo, provocada pela pandemia, advertiu a Boeing nesta terça-feira. Em suas novas previsões de mercado para o período 2020-2039, a fabricante americana reduziu em 11% o número de aeronaves destinadas ao transporte de passageiros que serão entregues às companhias aéreas no mundo até 2029, para 18.350 aviões.
Assim como aconteceu após os atentados de 11 de setembro de 2001, a epidemia mundial de Sars em 2002-2003 e a crise financeira de 2007-2009, “o setor mostrará novamente que é resiliente”, antecipou Darren Hulst, vice-presidente de marketing da divisão de aviação comercial da Boeing, durante teleconferência.
O grupo americano aponta a um crescimento anual do tráfego aéreo de 4%, em média, até 2039. Isso levaria a frota mundial a quase dobrar, alcançando 48,4 mil aviões diante dos atuais 25,9 mil. No curto prazo, no entanto, o número de passageiros caiu até 90% pelas restrições impostas para tentar frear o novo coronavírus.
Atualmente, situa-se em 25% do nível habitual. Mas o retorno aos níveis pré-pandemia levará anos, particularmente os voos internacionais, avaliou a Boeing. Serão necessários ao menos três anos para voltar aos níveis de 2019 e ao menos cinco anos para recuperar a tendência, acrescentou Hulst.
O futuro da aviação
Há um ponto que será difícil de mudar, segundo o executivo: assim que sair uma vacina ou um tratamento eficaz, os passageiros viajarão tão apertados quanto antes do vírus. Esta situação leva, em todo caso, a novas dinâmicas no mercado da aviação, e empurra as companhias a acelerar a substituição de algumas aeronaves.
Na última década, 35% dos pedidos eram destinados à substituição de aviões antigos. Essa cifra se elevará a 60% no curto prazo, situando-se a 48% nos próximos 20 anos. O segmento de aviões de corredor único, mais usados em voos domésticos, deverá se recuperar mais rapidamente do que os aviões para longas distâncias. Enquanto isso, a demanda por fretes aéreos está de vento em popa, graças à explosão das compras online.
Segundo a Boeing, a pandemia não deverá afetar a demanda por aviões de defesa e serviços aeronáuticos destinados aos governos. No total, a empresa prevê um mercado de 8,5 trilhões de dólares na próxima década para produtos e serviços de aviação, abaixo dos US$ 8,7 trilhões previstos no ano passado. A fabricante europeia, Airbus, decidiu não divulgar previsões este ano, devido às grandes incertezas que cercam o transporte aéreo atualmente.
Correio do Povo