Existe uma prisão emocional que é a mais cruel de todas. Essa prisão não tem um nome definido, mas sempre entramos nela pela mesma porta. Há um caminho de promessas que se enquadram perfeitamente em nossas necessidades, paredes revestidas de possibilidades ilimitadas, uma poltrona confortável, uma pequena mesa a seu lado; sobre ela, uma garrafa de licor um copo e uma chave. Sob sua plataforma, uma gaveta. Nela, uma carta endereçada a você e uma arma carregada com uma única bala.
Você estranha tudo isso mas se senta. A poltrona é incrivelmente confortável. Dela se contempla as paredes, cujas imagens o levam a sonhar. Daquele ponto de vista é possível ver que a porta por onde passou é um portão de grade, que súbito se fecha. Sobre ele há um relógio com engrenagens barulhentas. O relógio não tem ponteiros de segundos nem de minutos, mas funciona o das horas, perfeitamente.
E as horas passam sem que você consiga saber seu ritmo; as imagens se tornam cansativas, pois são as mesmas e no entanto, elas não se realizam. Se parecem apenas pinturas, ao que o tempo passe. A sede toma conta de você, mas não há água, apenas o licor. E quando a sede se torna insuportável, você bebe aquele absinto. E ele o entorpece e aplaca sua fúria e sua sede, mas nada muda de verdade.
Já sem noção de que o tempo tenha passado, você vê que a garrafa está vazia. As figuras são caricatas e decoradas. O relógio está ali à sua frente, girando seu ponteiro das horas e te resta a carta, a chave e a arma.
Você abre a carta. Nela está escrito: “Me espere. Confie em mim. Tudo vai melhorar. Tudo vai dar certo.”, e você tenta segurar a sua ansiedade e se sente culpado. Resta agora a chave que abre o portão e libera a sua saída, mas uma vez usada, certamente o portão se fechará e não se abrirá mais, e resta a arma, que você poderá usar para pôr fim à sua angústia.
Você está na prisão das falsas promessas, da desesperança, da desilusão e do rancor. Levante-se, pegue a chave e saia. Tudo ali foi montado para prender você às ilusões. Siga em frente sem olhar para trás e não se permita mais entrar nesse tipo de caminho.
Boa segunda.