Álvaro Dias, Guilherme Boulos, Henrique Meirelles e Manuela D’Ávila participaram de evento
Álvaro Dias, Guilherme Boulos, Henrique Meirelles e Manuela D´Ávila participaram de evento | Foto: Halder Ramos / Especial CP
Um painel sobre o panorama político nacional reuniu cinco pré-candidatos à presidência da República, nesta quinta-feira, em Gramado. Álvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Manuela D’Ávila (PCdoB) participaram do debate realizado dentro da programação da 22ª Conferência Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (CNLE), que termina nesta sexta no Centro de Eventos da Faufrgs. Com o tema “Desafios do Novo Brasil”, o evento é promovido anualmente pela União Nacional dos Legisladores e Legislativos (UNALE).
Os pré-candidatos abriram o painel apresentando suas propostas básicas para o desenvolvimento do Brasil. Depois, cada um teve três minutos para mostrar seus projetos para educação, segurança pública e reforma tributária.
Apesar de tom cordial, eles mostraram diferenças ideológicas nas propostas. Henrique Meirelles e Ciro Gomes trocaram alfinetadas sutis. O ex-ministro da Fazenda provocou Ciro, que extrapolou o tempo permitido ao abordar a reforma tributária. “Temos que começar administrando nosso tempo aqui”. Meirelles destacou que a reforma precisa ser racional e mais justa. O ex-ministro citou, ainda, os avanços da economia brasileira nos últimos dois anos. O pré-candidato também defendeu mais investimentos em educação e segurança, mas observou que é fundamental que seja buscado o equilíbrio nas finanças públicas. “Todos concordamos que a educação precisa de investimentos. Investir é fundamental, mas precisamos ter um governo saudável”, disse. Para Meirelles, a segurança requer aprimoramento na troca de informações entre os Estados e com países vizinhos para combater o tráfico de armas.
Ciro Gomes devolveu trazendo o exemplo de sua gestão no governo do Ceará. Segundo Gomes, foram duplicados os investimentos na contratação de efetivo e triplicados os recursos para equipamentos. “Fiquei perplexo com a contradição. Fizemos o trivial, mas explodiram o número de homicídios e de assaltos no Ceará. Crimes cometidos com armas produzidas aqui”, respondeu.
O pré-candidato destacou a efetividade do trabalho na prisão de criminosos, mas ponderou que a segurança pública precisa de inovação intelectual. “Não vamos combater a questão de violência apenas com tanques. Somos a terceira população carcerária do planeta. E as facções comandam o crime organizado de dentro dos presídios”, frisou.
O plano-base de Ciro defende uma mudança estrutural radical. “O Brasil precisa mudar porque tem 13 milhões de desempregados, 60 milhões de brasileiros no SPC ou Serasa e temos 37,4 milhões de trabalhadores informais contra 32,8 milhões com carteira assinada”.
Já a deputada Manuela D’Ávila, defendeu o combate às desigualdades. “Não apenas econômicas, mas entre mulheres e homens”. Para Manuela, a violência possui estreita relação com as desigualdades sociais. A pré-candidata frisou que é fundamental combater homicídios e crimes sexuais, além de propor uma nova política para as drogas. Manuela observou que a proposta de reforma tributária deve considerar o tributo sobre o consumo. Conforme ela, a concentração de recursos na União prejudica Estados e Municípios. “Para sair da crise, a União precisa emparceirar com Estados e Municípios e deixar de ter a visão de que pode resolver sozinha os problemas do Brasil”, afirmou Manuela, que defendeu educação de qualidade para filhos de ricos e pobres.
O senador Álvaro Dias salientou que a sociedade exigiu mudanças e que o Brasil deve acompanhar o movimento popular. “Refundação da República não é slogan. É a necessidade de um país. Ou o Brasil muda ou seremos atropelados por essa onda avassaladora que perpassa a população brasileira”, afirmou Dias, que citou a tolerância zero no combate ao crime.
Para Guilherme Boulos, o país enfrenta um problema de legitimidade que precisa ser enfrentado. “Vivemos uma profunda crise ética e o sentimento é de falta de alternativas. São sinais de esgotamento de um sistema montado na Ditadura Militar que resultou em uma frágil democracia”, descreveu.
Boulos defendeu a participação comunitária na gestão pública. “O desafio de legitimidade passa por fazer uma política com que o povo não seja chamado apenas a cada quatro anos. Na democracia, o maior juiz é o povo”, citou. Sobre a reforma tributária, ele destacou que é necessário o enfrentamento aos privilégios e desigualdades. “Temos um abismo social gritante. Quem paga imposto no Brasil, é o pobre e a classe média. Quem tem menos, paga mais. Não é possível avançar sem enfrentar o privilégio de uma minoria”, observou.