A pergunta é de Francisco a sua mãe. Ele é filho de Frederico Guillermo Von Furth, assassinado em abril deste ano próximo a Praça Santa Terezinha
Há pouco mais de três meses foi registrado um dos crimes mais bárbaros deste ano em Passo Fundo. Um empresário, pai de família, foi executado covardemente com um tiro na cabeça. A testemunha ocular do fato: o filho da vítima, Francisco, de apenas 6 anos. O empresário argentino Frederico Guillermo Von Furth, de 46 anos, teve a sua vida interrompida durante uma tentativa de assalto que ocorreu na noite do dia 29 de abril deste ano.
O crime
A vítima havia estacionado o automóvel na frente da sua empresa, na Rua Francisco Alves, Vila Rodrigues, próximo a Praça Santa Terezinha, quando juntamente com o filho foi surpreendido por um jovem armado com um revólver. Ao fazer um gesto para defender a criança, Frederico foi alvo de um tiro fatal. Após a ação, o assassino fugiu na companhia de dois comparsas a bordo de um automóvel Fiat Brava e devido à rápida ação da Brigada Militar, minutos depois ocorreram duas prisões referente ao crime. Tratava-se de dois irmãos: Alex Sandro da Silva Canto, de 29 anos, e Alessandro Menitriel Canto, de 27 anos. A dupla confessou ter participado do assalto, mas afirmou que quem efetuou os disparos seria um terceiro indivíduo, que ainda não havia sido localizado.
Com a identificação do acusado, uma ação foi desencadeada por agentes da 1ª Delegacia da Polícia Civil, coordenados pelo Delegado Diogo Ferreira, e que resultou na prisão do acusado dois dias depois de cometer a execução. O assassino confesso, identificado como Leandro Xavier Ramos, o vulgo “Tuiuiú”, de 19 anos, foi preso em uma boca de fumo localizada no bairro Vera Cruz. Na data em que ocorreu o crime, ele estava na situação de foragido da justiça. O atirador possuía uma extensa ficha criminal, condenação por crime de roubo a estabelecimento comercial e mesmo assim devido a uma autorização judicial foi posto no regime semiaberto, tendo apenas que pernoitar no albergue da casa prisional. No momento em que Tuiuiú colocou os pés para o lado de fora, não retornou para a cadeia, somente depois de ter executado um pai de família.
A família
Com o objetivo de não deixar o crime que chocou a comunidade passo-fundense cair no esquecimento, a Rádio Uirapuru entrevistou nesta semana a viúva do empresário, a contadora Cláudia Karczeski. O repórter Lucas Cidade compareceu no apartamento da família e foi recebido pelo menino de 6 anos, que em gestos de educação e cordialidade demonstrou já possuir os bons ensinamentos de uma base familiar. Já a mãe zelosa e protetora, sempre atenta às atitudes do garoto.
No início da conversa, a viúva lembrou de Frederico, “um homem empreendedor que veio da Argentina para Passo Fundo no ano de 2002 , cheio de metas para uma vida nova”. Em 2006, o casal se conheceu e em 2009 nasceu Francisco, fruto deste relacionamento. “Ele tinha um perfil positivo e era sonhador, tendo diversos planos para a família”, conta ela.
Na noite em que ocorreu o crime, Cláudia estava trabalhando no escritório de contabilidade e foi informada que havia ocorrido um acidente. As informações pelo telefone eram de que seu marido estava sendo levado ao hospital, mas o filho estava bem. Foi aí que Cláudia ficou sabendo que o seu marido teria sido executado em uma tentativa de assalto. “Aceitar tudo isso é difícil. Tento entender porque tudo isso aconteceu com Frederico, pois ele não possuía inimigos. O trajeto onde ocorreu o desfecho desta terrível desgraça era o mesmo que fazia diariamente”, declarou.
A dor maior de Cláudia é saber que o pai de seu filho, de 6 anos, teve a vida ceifada por um jovem que deveria estar recolhido no presídio e por uma ordem judicial estava nas ruas. Durante a entrevista, Cláudia diz conviver com muitas perguntas e não ter as respostas. “De quem é a responsabilidade de criar um filho? Da família? Ou do Estado que permitiu que um assassino estivesse solto nas ruas? Os juízes tomam decisões sabendo os estragos que a atitude de um marginal provoca em uma família?”, questionou.
Para ela, o conceito de um ser humano hoje em dia está muito errado, pois seu marido era uma pessoa do bem, empresário, gerador de empregos, pagador de impostos, e em nenhum momento até hoje, Cláudia recebeu apoio motivacional de alguma entidade ou setores ligados aos Direitos Humanos.
Francisco está fazendo tratamento psicológico desde a semana em que presenciou a cena do pai sendo assassinado. Ele, em todos os momentos, pergunta para a mãe “se bandidos matam crianças” e também afirma que “a estrela mais bonita no céu, é meu pai”. A família torce por justiça e quer acreditar que ela aconteça, pois os assassinos tiraram a vida de um homem de bem, que trabalhava e fazia tudo que uma pessoa normal faz, sendo que no final do dia ao ir fechar a empresa acaba nunca mais voltando para casa.
Os três indivíduos que cometeram o crime estão recolhidos no Presídio Regional de Passo Fundo e o Delegado Diogo Ferreira, que investigou o caso, indiciou o trio pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte). Neste tipo de crime é o próprio Juiz que define a sentença, e o processo deverá ser julgado até o final deste ano.
Fonte Radio Uirapuru.