Diretor geral da Organização manifestou “profunda preocupação” com o aumento de casos na Itália, Irã e Coreia do Sul
Dois meses depois do surgimento do novo coronavírus no centro da China, cinco países anunciaram os primeiros casos de contaminação: Afeganistão, Bahrein, Kuwait, Iraque e Omã, que decidiu suspender os voos com o Irã. Em todo o planeta o número de mortes se aproxima de 2.700 e o de contágios de 80 mil.
Diante da epidemia, o diretor geral da OMS pediu ao mundo nesta segunda-feira que se prepare para uma “eventual pandemia”. “Temos que nos concentrar em conter (a epidemia), enquanto fazemos todo o possível para nos preparar para uma eventual pandemia”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, em Genebra. Ao mesmo tempo, Ghebreyesus, disse que o ritmo de expansão da epidemia diminuiu na China desde o início de fevereiro. Ele afirmou que uma missão internacional de especialistas determinou que na China “a epidemia atingiu um pico, estabilizou entre 23 de janeiro e 2 de fevereiro e diminuiu de maneira contínua desde então”.
Na Europa, a Itália, com cinco mortos e 219 pessoas infectadas, é o primeiro país do continente a adotar medidas de confinamento em 10 cidades do norte de seu território. Quase 52 mil pessoas estão confinadas em uma zona de isolamento na Lombardia e Veneza. O carnaval de Veneza, que terminaria na terça-feira, foi cancelado no domingo.
Coreia do Sul e Irã têm agora o maior número de casos de contaminação e de mortes fora da China. Hong Kong anunciou a proibição a partir de terça-feira da entrada de não residentes procedentes da Coreia do Sul e pediu a seus cidadãos que evitem viajar no momento. Menos de uma semana depois da detecção do primeiro caso da doença em seu território, o Irã anunciou quatro novas mortes, o que eleva a 12 o número de vítimas fatais da epidemia na República Islâmica.
Com 64 pessoas contaminadas no país, a taxa de mortalidade de um para cada cinco casos parece muito mais elevada que a registrada até agora na China (por volta de 3%). Preocupados com o contágio no Irã, os governos da Armênia, Turquia, Jordânia, Paquistão, Iraque e Afeganistão fecharam as fronteiras ou limitaram os deslocamentos com a República Islâmica. Ao menos 200 pessoas foram colocadas em quarentena no Paquistão, perto da fronteira com o Irã. Mais de 30 países já foram afetados pelo novo coronavírus, com um balanço superior a 30 mortes fora da China.
A Coreia do Sul anunciou um número recorde de 231 novos casos de contaminação em 24 horas. O país registra 800 pessoas infectadas e sete mortes. Esta quantidade é superior a do Japão, onde o cruzeiro “Diamond Princess” era até agora o principal foco de contaminação fora da China. A Mongólia, que já havia determinado o fechamento da fronteira com a China, mas que até agora havia escapado do vírus, anunciou a suspensão das conexões aéreas com a Coreia do Sul.
Na China, onde o novo coronavírus surgiu em dezembro em um mercado de Wuhan (centro), a epidemia provocou mais 150 mortes nas últimas 24 horas. O gigante asiático registra quase 2,6 mil mortes e 77 mil casos de contaminação.
OMS em Wuhan
Diante da gravidade da situação, o regime comunista decidiu adiar, pela primeira vez em três décadas, a sessão anual do Parlamento que começaria em 5 de março. Além disso, o governo anunciou a proibição completa e de forma imediata do comércio e consumo de animais selvagens, uma prática que supostamente contribuiu para a propagação do COVID-19.
Em Wuhan, cidade de 11 milhões de habitantes na região central da China isolada do mundo há um mês, a prefeitura desistiu da ideia de flexibilizar as rígidas medidas de confinamento. Uma equipe de especialistas da OMS visitou Wuhan no fim de semana, informou o ministério da Saúde.
Tensão econômica
A aceleração da contaminação nos últimos dias provocou fortes quedas nas Bolsas: Milão, Paris e Frankfurt operavam em baixa de mais de 3%. A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, advertiu que a crise pode colocar em perigo a recuperação da economia mundial, durante uma reunião ministerial do G20 na Arábia Saudita.
Correio do Povo