Ex-governador criticou ainda o governo federal e a intervenção na segurança do Rio de Janeiro
Olívio Dutra criticou a intervenção na segurança do Rio de Janeiro | Foto: Ricardo Giusti
“Eu vejo perseguição política e ideológica e o desfuncionamento dos poderes nessa fase. O Estado é democrático só de nome. No seu exercício, (o governo funciona apenas) para os que estão no comando. Há evidentemente uma demonstração de que nenhum dos poderes estão funcionando adequadamente”, ressaltou.
Olívio defendeu ainda a convocação de uma assembleia nacional constituinte, “que venha de baixo para cima e que seja livre e soberana” para que o povo volte a ter protagonismo na política brasileira e com potencialidades para que o Estado funcione bem para a maioria “sob controle público e não privado”. “Hoje temos uma democracia que ao invés de provar que é uma cidadania plena, ela desconstituiu a cidadania. Colocando o Estado como interesse e não o povo”, argumentou.
“Não descarto possibilidade de ditadura”
O ex-governador comentou a intervenção da União na segurança pública do Rio de Janeiro. Para ele, pode ser apenas um ensaio para uma ditadura no País. “O que por enquanto está localizado pode se alastrar. Não descarto a possibilidade de uma ditadura”, disse o petista.
Olívio criticou a criação de um novo ministério para articular a segurança pública do Brasil e que “poderia ser feita com boa relação entre os municípios, Estado e União”, mas que essa relação fosse construída de forma “autônoma, sem ameaçar o direto das pessoas”.
Defesa a Lula
Na entrevista, Olívio Dutra defendeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em janeiro em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex em Guarujá (SP). De acordo com o ex-governador, os argumentos dos desembargadores do da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) não foram convincentes.
“Eu não tenho dúvida de que o Lula não pegou nenhum dinheiro para si, para seus familiares ou amigos. A não ser que alguém me prove o que ninguém provou até hoje. Conheço o Lula desde 1975. Estive com ele na morte da Marisa, fiquei atento a ele e vi que ele é uma figura que não se perde nas coisas. Ele está passando por uma fase que é de demonstração de ter a consciência de estar sendo acusado de crimes que não cometeu”, afirmou Olivio, que disse que os desembargadores pareciam dispostos a condenar Lula independente das provas apresentadas.
“Não me convenci e tenho certeza de que milhões de brasileiros e pessoas com formação na área jurídica não se convenceram. Eu não me convenci dos argumentos levantados pelos desembargadores. Parece que eles tinham acertado entre eles a sentença. Não me parece que tenham dado atenção aos argumentos da defesa. Era uma coisa previamente articulada”, analisou. “Foram criando uma situação em que eles mesmos ficaram condenados a condenar”, concluiu.
Correio do Povo