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domingo 24 novembro 2024
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Odebrecht diz ter pago caixa dois para Serra na Suíça, afirma jornal

Empreiteira apontou dois operadores de R$ 23 milhões pagos na eleição de 2010

Odebrecht diz que caixa dois para Serra foi pago em conta na Suíça | Foto: Valter Campanato / Agência Brasil / CP

Odebrecht diz que caixa dois para Serra foi pago em conta na Suíça | Foto: Valter Campanato / Agência Brasil / CP

Executivos da Odebrecht apontaram a investigadores da operação Lava Jato dois nomes como sendo os operadores de R$ 23 milhões pagos pela empreiteira, via caixa dois, à campanha presidencial de José Serra na eleição de 2010. A informação é do jornal Folha de São Paulo, que apurou ainda que o dinheiro foi transferido para uma conta na Suíça.

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O acerto do recurso no exterior, segundo a Odebrecht, foi feito com o ex-deputado federal Ronaldo Cézar Coelho (ex-PSDB e hoje PSD), que era da coordenação política da campanha de Serra. O caixa dois operado no Brasil, de acordo com os relatos, foi negociado com o também ex-deputado federal Márcio Fortes (PSDB-RJ), próximo de Serra.

Os repasses foram mencionados por dois executivos da Odebrecht nas negociações de acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília, e a força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba. Um deles é Pedro Novis, presidente do conglomerado de 2002 a 2009 e atual membro do conselho administrativo da holding Odebrecht S.A. O outro é o diretor Carlos Armando Paschoal, conhecido como CAP, que atuava no contato junto a políticos de São Paulo e na negociação de doações para campanhas eleitorais.

Ambos integram o grupo de 80 funcionários (executivos e empregados de menor expressão) que negociam a delação. Mais de 40 deles, incluindo Novis e Paschoal, já estão com os termos definidos, incluindo penas e multas a serem pagas. Falta apenas a assinatura dos acordos, prevista para ocorrer em meados de novembro.

A Folha revelou em agosto que executivos da Odebrecht haviam relatado à Lava Jato o pagamento de R$ 23 milhões (R$ 34,5 milhões, corrigidos pela inflação) por meio de caixa dois para a campanha de Serra em 2010, quando ele perdeu para a petista Dilma Rousseff. Foi a primeira menção ao nome do político tucano na investigação que apura esquema de desvio de recursos na Petrobras.

Para corroborar os fatos relatados, a Odebrecht promete entregar aos investigadores comprovantes de depósitos feitos na conta no exterior e também no Brasil. Segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a empreiteira doou oficialmente em 2010 R$ 2,4 milhões para o Comitê Financeiro Nacional da campanha do PSDB à Presidência da República (R$ 3,6 milhões em valores corrigidos).

Os executivos disseram aos procuradores que o valor do caixa dois foi acertado com a direção nacional do PSDB, que depois teria distribuído parte dos R$ 23 milhões a outras candidaturas. Segundo a Folha apurou, os executivos afirmaram também que o pagamento de caixa dois não estava vinculado a nenhuma contrapartida.

Operadores

Atualmente filiado ao PSD, o empresário Ronaldo Cezar Coelho foi um dos fundadores do PSDB nos anos 80, tendo presidido o partido no Rio de Janeiro. Durante os mais de 20 anos em que permaneceu na sigla, elegeu-se deputado federal pelo Estado, despontando como um dos políticos mais ricos da Câmara. É amigo de José Serra e chegou a emprestar seu avião particular para o tucano usar durante a eleição de 2010. Devido ao bom trânsito no mercado financeiro, teria atuado também como tesoureiro, segundo participantes do comitê eleitoral.

Já Márcio Fortes é conhecido como homem forte de arrecadação entre o tucanato por causa da boa relação que mantém com empresários. Ele atuou nessa área em campanhas de Fernando Henrique Cardoso à presidência, na década de 1990, na campanha de 2010 de Serra e na de 2014 de Aécio Neves, todos do PSDB.

Outro lado

Procurado para se manifestar sobre as informações dadas pela Odebrecht à Lava Jato, o ministro de Relações Exteriores, José Serra (PSDB), disse, por meio de sua assessoria, que não vai se pronunciar sobre supostos vazamentos de supostas delações relativas a doações feitas ao partido em suas campanha. E reitera que não cometeu irregularidades, afirmou.

O empresário Ronaldo Cezar Coelho declarou que não comentará o assunto até ter acesso aos relatos feitos pelos executivos da empreiteira que citam o seu nome. Por meio de seu advogado, o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, Cezar Coelho afirmou que participou da coordenação política da campanha de José Serra à presidência, em 2010, na qual o tucano foi derrotado pela afilhada política do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff (PT). No entanto, Cezar Coelho negou que tenha feito arrecadação para o tucano. Como fundador do PSDB, Ronaldo Cezar Coelho participou de todas as campanhas presidenciais da sigla, disse Mariz de Oliveira.

Correio do Povo




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