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quinta-feira 21 novembro 2024
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Odebrecht diz que Dilma sabia de caixa 2

Defesa da ex-presidente contesta, pede provas e critica “vazamentos seletivos”

Defesa da ex-presidente contesta, pede provas e critica “vazamentos seletivos” | Foto: Patricia de Melo Moreira / AFP / CP

Defesa da ex-presidente contesta, pede provas e critica “vazamentos seletivos” | Foto: Patricia de Melo Moreira / AFP / CP

Preso desde 2016 por envolvimento no escândalo revelado pela Operação Lava Jato, o empresário Marcelo Odebrecht afirmou em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no início de março, que a ex-presidente Dilma Rousseff sabia da “dimensão” das doações por meio de caixa 2 feitas pela construtora Odebrecht à campanha da petista à reeleição. O executivo falou como testemunha nas ações que tramitam no tribunal pedindo a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer por suposto abuso de poder político e econômico na eleição presidencial de 2014.

Questionado pelo juiz auxiliar Bruno César Lorencini sobre se teria conversado com Dilma a respeito da campanha de 2014, Marcelo negou. Ele disse, porém, que a então presidente e candidata à reeleição sabia da “dimensão” das doações e que os pagamentos não constavam da prestação de contas do PT. Quando foi questionado novamente sobre o assunto, pelo ministro Herman Benjamin, do TSE, Marcelo afirmou: “Sempre ficou evidente que ela sabia dos nossos pagamentos para o João Santana. Isso eu não tenho a menor dúvida”.

Ele reiterou que nunca ouviu de Dilma que ela sabia dos repasses feitos de forma irregular. O empreiteiro contou que, a partir de 2011, quando exercia seu primeiro mandato, Dilma passou a tratar da “relação” do PT com a Odebrecht. Antes, segundo ele, quem cuidava da arrecadação para o partido era o ex-ministro Antonio Palocci e, durante a campanha de 2010, o ex-presidente Lula.

Em outro trecho do depoimento, ele disse que a empresa doou R$ 150 milhões à chapa Dilma-Temer na eleição de 2014. Desse valor, R$ 50 milhões seriam uma “contrapartida específica” à aprovação em 2009, pelo Congresso, de uma medida provisória que beneficiava diversas empresas do setor.

Na quarta-feira passada, Benjamin enviou aos demais ministros do TSE relatório parcial sobre o processo em que investiga o eventual abuso de poder político e econômico da chapa. Foram investigados desvios na contratação de gráficas e o recebimento de recursos não declarados durante a campanha.

Defesa de Dilma contesta

Em nota publicada na noite desta quinta, a defesa da ex-presidente refutou as acusações, ressaltando que Dilma jamais teve relação próxima com o empresário nem quando ministra tampouco na presidência. A nota afirma que Dilma nutria “desconfiança” com relação a Odebrecht devido à licitação da Usina de Santo Antônio e que jamais solicitou dinheiro para o PT.

Os advogados cobram que Marcelo Odebrecht apresente provas das acusações, as quais consideram “levianas”. Também critica o que considera de vazamentos seletivos. “É no mínimo estranho que, mais uma vez, delações sejam vazadas seletivamente, de maneira torpe, suspeita e inusual, justamente no momento em que o Tribunal Superior Eleitoral, órgão responsável pelo processo que analisa a cassação da chapa Dilma-Temer, está prestes a examinar o relatório do ministro Herman Benjamin.”

Correio do Povo




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