Um monge e seus discípulos iam por uma estrada e, quando passavam por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas.
O monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e tomou o bichinho na mão.
Quando o trazia para fora do rio o escorpião o picou. Devido à dor, o monge deixou-o cair novamente no rio.
Em seguida pegou um ramo de árvore, voltou outra vez a correr pela margem, entrou no rio, resgatou o escorpião e o salvou pela segunda vez.
Depois se juntou aos seus discípulos na estrada.
Eles haviam assistido à cena e o receberam perplexos e penalizados.
— Mestre, o Senhor deve estar muito doente!
Por que foi salvar esse bicho ruim e venenoso?
Que se afogasse! Seria um a menos!
Veja como ele respondeu à sua ajuda: picou a mão que o salvava!
Não merecia sua compaixão!
O monge ouviu tranquilamente os comentários e respondeu:
— Ele agiu conforme sua natureza e eu de acordo com a minha.
Para sua reflexão: O escritor e ensaísta francês Joseph Joubert (1754-1824), em seu livro Pensamentos, escreveu:
“A razão nos adverte do que devemos evitar; somente o coração nos diz o que devemos fazer”.
Quem tem a índole de cooperar, de ajudar, de compreender nunca diz “eu contra o outro”, sim, até onde for possível, “eu e o outro”.
O arquétipo alteralista constitui uma alternativa ou complemento equilibrador do arquétipo do Pai (que é unilateral, tendencialmente egoísta e excludente dos outros).