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sexta-feira 22 novembro 2024
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“Nome de Dirceu era citado entre os que recebiam propinas”, diz Barusco

     Ex-gerente da Petrobras confirmou que se encontrou dezenas de vezes com João Vaccari Neto

Nome de Dirceu era citado entre os que recebiam propinas, diz Barusco | Foto: Lula Marques / Folhapress / CP Memória

Nome de Dirceu era citado entre os que recebiam propinas, diz Barusco | Foto: Lula Marques / Folhapress / CP Memória
O ex-gerente-executivo da área de Serviços da Petrobras, Pedro José Barusco Filho, disse nesta terça-feira, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, que o nome do ex-ministro José Dirceu era mencionado entre os petistas que recebiam propinas das obras da estatal. “O nome dele apareceu nas conversas. Agora, se ele efetivamente recebeu, eu não sei”, disse Barusco ao juiz.

Para Barusco, quem recebia as propinas em nome do PT era o ex-tesoureiro João Vaccari Neto. O juiz Sérgio Moro quis saber quantas vezes Barusco se reuniu com Vaccari para tratar de propinas, e o ex-gerente da Petrobras não vacilou. “Mais de uma vez. Talvez uma dezena”, disse Barusco, confirmando que o então diretor de Serviços da estatal, Renato Duque, participou das reuniões com o petista.
Moro ainda quis saber o teor das conversas com Vaccari. “E o que se discutia com Vaccari?”, questionou Moro. “Se discutia licitações em andamento. Problemas de contratos, divisões de propinas. Tinha uma agenda ligada aos contratos, ao recebimento das propinas, aos novos projetos, novas licitações”, afirmou o ex-gerente da Petrobras. 
Segundo Barusco, na Petrobras sempre se soube que Renato Duque foi indicado para o cargo pelo PT e pelo então ministro da Casa Civil José Dirceu. De acordo com o ex-gerente, que fez acordo de delação premiada com a Justiça do Paraná, as propinas atingiam 2% de todos os contratos da área de Serviços, dos quais 1% eram destinados ao PT
e 1% para a “Casa” (desse volume, 40% ia para Renato Duque, 30% para ele, Barusco, e 30% para Mário Goes, dono da Riomarine, o operador da corrupção na Diretoria de Serviços).
Propinas próximas dos 100 milhões de dólares
Ao ser perguntado sobre quais empreiteiras pagavam propinas, Barusco respondeu: “Andrade, Odebrecht, OAS, UTC, Engevix, Toyo Setal…”. Então Morou quis saber qual o valor das propinas recebidas entre os anos de 2003 e 2011. “Eu fiz levantamento e deu 98,3 milhões de dólares. Uns 20 a 25 milhões de dólares de lucro financeiro. Eu nunca gastei, fui acumulando, investindo. Foram 73 milhões de dólares de depósitos. Já renuncei a esses valores, que já foram repatriados e estão todos no Brasil”, acrescentou. 
Barusco disse que sempre era ele quem recebia as propinas e depois dividia com Renato Duque. Normalmente as propinas eram pagas por Mário Goes ou pelas empresas diretamente em suas “dezenas” de contas no exterior. Algumas vezes em dinheiro vivo no Brasil. “Quando recebi em dinheiro vivo, recebi em mochilas. Eu pegava na casa do Mário, na estrada das Canoas, no Rio. Com notas de R$ 50, R$ 100. Cada mochila tinha de R$ 300 a R$ 500 mil”, explicou. “Mas a maioria dos pagamentos ele recebeu em suas contas na Suíça, por meio da conta Maranelli, de Mário Goes”, acrescentou.
Repasses semanais para Duque
Moro perguntou ainda sobre como eram feitos os repasses para Renato Duque. “Eu fiz durante muito tempo repasses para ele semanais e quinzenais, de R$ 40, R$ 50, R$ 60 mil, em média R$ 50 mil. Sempre em espécie. Eu entregava no escritório dele”, afirmou. 
Moro questionou Barusco se ele fazia aportes para Duque no exterior também. “Uma vez eu e o Renato Duque fomos ao exterior e conhecemos uma pessoa chamada Roberto, que até hoje não sei o seu sobrenome. Ele falou que tinha duas contas, a Korat e a Toure. Ele falou que a gente poderia depositar na K ou na T, que depois ele transferiria para contas de nossa propriedade no exterior. Eu comecei a direcionar os pagamentos para essas contas K e T. Esse Roberto
era do banco Lombardo Odier. As contas chegaram a ter US$ 6 milhões, mas o Roberto sumiu e ficamos com o prejuízo. O Renato Duque arcou com 4,5 milhões de dólares do prejuízo e eu com 1,5 milhão de dólares.
Barusco ainda negou que tenha feito transferência bancária para Duque no exterior. “Não. Quem pagava para ele no exterior eram as empresas ou os operadores. Por exemplo, no caso do estaleiro Keppel Fels, fiz acerto de contas com o representante e tínhamos 14 milhões de dólares para receber em 2012. Dos 14 milhões de dólares, eu recebi 2 milhões e o Renato 12 milhões de dólares”, contou. 
Fonte Correio do Povo.




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