Uma nova droga que começou a ser vendida nas últimas semanas na região já causou estragos na noite caxiense.
De acordo com informações obtidas pela reportagem do Leouve, somente no último final de semana pelo menos três jovens teriam sofrido graves complicações e precisaram ser socorridos e conduzidos ao hospital após terem consumido a substância.
Uma das vítimas, de 18 anos, que teve o nome preservado pela reportagem, está em coma na UTI do Hospital Pompeia. Outros dois usuários também estariam em estado grave no Hospital Geral.
A droga, identificada como Nbome, estaria sendo comercializada no Largo da Estação na última sexta-feira, dia 11.
Três jovens teriam comprado a droga como se fosse cocaína.
Após cheirar a Nbomb em forma de cristais, o trio começou a passar mal e a ter convulsões ainda na Rua Augusto Pestana, chamando a atenção de quem estava nos bares ali instalados.
De acordo com um jovem de 21 anos, identificado apenas como Mateus, amigo de um dos usuários que está internado no Hospital Pompeia, a droga teria chegado ao grupo pelas mãos de outro usuário, que teria encontrado uma carteira contendo a substância.
Conforme o jovem, que ajudou a socorrer dois dos três usuários que passaram mal, o estado deles logo após inalarem a droga era de extrema alucinação.
“A reação foi instantânea. Não fazia nem dois minutos e eles já estavam correndo pela rua, numa tentativa de extravasar.
Estavam bem eufóricos.
Um deles se jogou em cima de um carro em movimento e depois sobre um vaso de concreto, que se despedaçou.
Cinco minutos depois eles já estavam se contorcendo pelo chão.
Foi bem tenso”, conta. Jader Luiz, irmão do jovem que está em coma no Hospital Pompeia, conta que o estado dele não mudou desde que foi internado na madrugada de sábado.
“Continua no mesmo estado, não mudou nada desde o dia em que chegou ao hospital. O coma é induzido porque a dose que ele tomou é muito forte.
Se não for medicado, começa a se debater”, ressalta. Jader admite que seu irmão é usuário de drogas e entende que o que aconteceu com ele pode servir de alerta para outros jovens que estão neste caminho.
“Ele tem vários amigos. Inclusive alguns vêm aqui (no hospital), para vê-lo. Espero que eles se liguem que isso não é brincadeira”, alerta.
Um experiente delegado da área de narcóticos de Caxias confirmou que a chamada Nbome é uma novidade na cidade.
De acordo com ele, esse tipo de droga ainda não gerou nenhum registro nas delegacias da região. Nem de tráfico, sequer de porte.
O que é o Nbome?
Nbome é uma droga alucinógena que imita os efeitos do LSD.
Existem ao menos 11 tipos de Nbome. Todas são variantes de uma substância chamada feniletilamina.
Desde fevereiro de 2014, é proibida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no Brasil. A droga foi sintetizada pela primeira vez em 2003.
Começou a ser vendida pela internet em 2010 e ganhou força no mercado europeu em 2011, com os nomes de N-Bomb, Pandora ou Dime.
É vendida sob a forma de pílulas, pó, ampolas e blotters (papeizinhos embebidos com a substância, feitos para colocar embaixo da língua).
Muitas vezes, o Nbome é comprado e consumido inadvertidamente por usuários que acham que estão tomando LSD. Isso porque como a droga é mais barata, a margem de lucro do traficante se torna maior. Usuários relatam ter tido alucinações visuais, de padrões e cores vibrantes e sonoras, com ruídos altamente distorcidos.
Entre os efeitos corporais observados estão espasmos e náusea, além de dificuldade de se localizar no tempo e no espaço.
Usuários também relatam diferenças de paladar: enquanto o LSD não tem gosto, o NBOMe é extremamente amargo.
Seus efeitos duram entre quatro e seis horas.
Uma série de estudos de casos concluem que o Nbome apresenta riscos de intoxicação severa, hipotermia, amnésia, acidose metabólica e convulsões que podem resultar em morte.
Nos Estados Unidos, há relatos de blotters de N-Bomb sendo vendidos por US$ 1,50. No Brasil, o preço gira entre R$ 30 e R$ 40. Já em Caxias o preço varia entre R$ 50 e 100.
Fonte: Brasil Post –
http://www.leouve.com.br/seguranca/item/62089-nova-droga-sintetica-deixa-jovens-em-coma-em-caxias