Presidente também defendeu, em live, a federalização da ilha de Fernando de Noronha
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quinta-feira, durante a tradicional transmissão pelas redes sociais, que a economia do Brasil está reagindo e, após citar dados positivos na geração de empregos no país, pediu para prefeitos e governadores “não inventarem” novos confinamentos e lockdowns após as eleições.
“A economia está reagindo, peço a Deus que a gente volte à normalidade e que não inventem a partir do ano que vem, depois das eleições, novos confinamentos, novos lockdowns”, pediu.
Em meio à pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro usou como argumento para a melhora econômica dados do Cadastro Geral de Empregados (Caged), que se mantêm positivos desde julho.
O presidente foi um dos principais críticos de medidas tomadas por governadores e prefeitos de fechamento temporário de atividades econômicas para conter a propagação do Covid-19.
Na transmissão, Bolsonaro também disse que o governo reduziu o imposto sobre brinquedos de 35% para 20%. Novamente, ele acusou o governador João Doria, por ter aumentado impostos em São Paulo. Apontado como potencial adversário na corrida presidencial de 2022, Doria já rechaçou essa acusação.
Fernando de Noronha
Bolsonaro ainda disse que vai trabalhar pela federalização do arquipélago de Fernando de Noronha, que atualmente é vinculado ao estado de Pernambuco, e criticou o que considera alto custo para se visitar o local, defendendo transformá-lo em um polo turístico.
“Eu sugeri a gente federalizar Fernando de Noronha porque parece que virou ali uma ilha de amigos — não quero falar o nome aqui para não criar problema —, de amigos do rei, e o rei não sou eu”, disse ele na transmissão.
O presidente chamou de “absurdo” e “inacreditável” ir para uma praia na ilha e pagar R$ 100. Na verdade, há uma taxa de preservação ambiental do arquipélago no valor diário de R$ 75,93.
“Poderia ser um local aí de arranjar recursos para o Brasil, vindo de fora, do turismo, dar uma condição de vida melhor para a população. Então é muita coisa errada no Brasil que a gente vai arrumando devagar, arranjando solução. Não dá para aquela ilha ter dono”, criticou o presidente, sem citar a quem se referia.
O atual governador de Pernambuco é Paulo Câmara, filiado ao PSB, partido que tradicionalmente se posiciona contrário a Bolsonaro.
Flávio usou dinheiro público para viajar à ilha
A declaração do presidente ocorre após senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho dele, ter passado o feriado na região colocando o custo da própria passagem aérea nos cofres públicos, apesar de não se tratar de uma viagem a trabalho.
Após o fato ser revelado pelo portal Metrópoles, em nota, o gabinete do parlamentar informou que se tratou de um equívoco e disse ter pedido para cancelar o reembolso do valores da passagem e das diárias.
Ao visitar Fernando de Noronha, Flávio Bolsonaro se encontrou com integrantes do governo, entre eles os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Marcelo Álvaro Antonio (Turismo), que cumpriam agenda oficial na região. Também estiveram no arquipélago o presidente da Embratur, Gilson Ribeiro, e o secretário especial da Pesca, Jorge Seif. Sem agenda oficial, o grupo esticou a estada no local pelo fim de semana.
Conforme mostrou o jornal O Estado de S.Paulo, Salles e Seif liberaram a pesca da sardinha em Noronha, ignorando uma nota técnica do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio). Ao participar da live de Bolsonaro, Seif defendeu a medida, dizendo que “ninguém vai enlatar sardinha em Fernando de Noronha” e que atividade vai ser feita exclusivamente por pescadores artesanais e nativos da ilha. “Ninguém vai, com barco industrial, invadir Noronha e acabar com tudo, como falaram. E outra coisa: chegaram a gravar depoimento que ia faltar comida para tubarão. É o maior absurdo”, rebateu.
Radio Guaíba