Cristiane dos Santos, de 34 anos, perdeu 15 amigos na tragédia de Santa Maria
Cristiane dos Santos, 34 anos, outra sobrevivente do incêndio, relatou ao juiz Faccini os momentos que antecederam a tragédia em Santa Maria.
“Conhecia a boate. Por isso, consegui sair”.
“Começou a lotar muito rápido.
Fomos para perto do palco.
Depois de ir ao banheiro, começou um movimento, achamos que era briga.
Quando vi, havia um rapaz com um extintor na mão, no palco”, diz Cristiane. Ao juiz, Cristiane disse não ter ouvido nenhum aviso de que havia um incêndio.
“Eu mesma avisei sobre a existência do fogo a uma funcionária, que acabou morrendo também”, relata. “Muita gente morreu sem saber o que estava acontecendo”, afirma Cristiane.
“A fumaça chegou primeiro que eu na frente da boate, parecia fogo de panela. Fechei boca e olhos, botei a mão na parede e fui. O que me salvou foi encontrar a mesa que ficava ao lado da saída. Então, caí em cima do capô de um táxi”, conta a vítima.
Promotor Medina começa indagar Cristiane, conferindo, por meio do dispositivo virtual que reproduz o interior da boate, onde ela se encontrava no momento do incidente.
Após, foi a promotora Lúcia Helena que indagou Cristiane. Mostrou a ela o vídeo que flagra o início das chamas. “Se o dono não sabia (que haveria fogos), alguém sabia. Já estavam presos (preparados) no palco antes do show”, afirma a depoente.
Fogos presentes em duas casas noturnas
Cristiane lembra que os mesmos fogos utilizados por tequileiros na casa noturna Absinto Hall, que pertencia a Mauro Hoffmann, um dos réus, eram vistos na Kiss eventualmente.
“Essa foi quem me salvou”, chora Cristiane, ao ver uma foto de Letícia (com os filhos), outra vítima do incêndio, mostrada pela promotora Lúcia Helena. Letícia Vasconcellos, de 36 anos, trabalhava na bilheteria da boate Kiss. Tinha dois filhos, um menino de 3 anos e uma menina de 6. Morreu ao tentar resgatar colega que estava dentro da boate.
“Quando saí da boate, tinham seis pessoas deitadas, não sei se mortas ou não”, diz Cristiane. “A porta que saí foi onde entrei.
Nunca tinha enxergado janela lá”.
Correio do Povo