Senador eleito defendeu as recentes manifestações que seguem acontecendo em frente aos quartéis do Exército e disse que o governo eleito não poderá ignorar os atos
O vice-presidente da República e senador eleito pelo Rio Grande do Sul, General Hamilton Mourão (Republicanos) disse em entrevista à Rádio Guaíba, na manhã desta segunda-feira, que enquanto o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) continuar adotando uma postura de soberba haverá parte significativa da população brasileira desconfiando do resultado das eleições.
A declaração é uma crítica aos poucos detalhes e nota divulgada, recentemente, pelo órgão onde diz ter sido satisfatório o relatório final do Ministério da Defesa, que, assim como outras entidades fiscalizadoras, não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022.
“Enquanto o tribunal não se pronunciar de uma forma clara e transparente adotando uma postura soberba continuará tendo uma parcela significativa da população brasileira com desconfiança. Essa é a realidade”, pontua o general.
Mourão defendeu as recentes manifestações que seguem acontecendo em frente aos quartéis do Exército e disse que o governo eleito não poderá ignorar os atos. Em Porto Alegre, os gazebos, barracas e “barracas iglus” continuam montados no Centro Histórico, formando acampamento que começou a tomar corpo no dia 1º de novembro.
Os manifestantes não aceitam o resultado, acusam o processo eleitoral de “fraudulento” e pedem “intervenção das forças armadas”. O movimento se repete em vários estados brasileiros e não tem uma data definida de término.
O futuro senador disse estar ciente das articulações que vem acontecendo no parlamento visando à presidência da casa. Entretanto, afirmou ser necessário a construção de uma base sólida para barrar pautas que não sejam de interesse do país e principalmente fiscalizar o trabalho do Supremo Tribunal Federal.
“É importante que a gente constitua uma base sólida dentro do Senado para que nós tenhamos condições de barrar qualquer pauta que seja contrária aos interesses do país. Principalmente essas pautas mais à esquerda e ao menos tempo exercer uma ação fiscalizadora do trabalho da Suprema Corte”, afirma.
Ainda durante a entrevista, Mourão propôs reformas na corte com mudanças no número de magistrados e propôs reformas no STF com mudanças na duração de mandatos. É necessário, segundo Mourão, uma reformulação nas nomeações e no que tange ao tempo de atuação dos magistrados.
Uma das possíveis medidas citadas pelo integrante do governo federal é um mandato para os ministros. “A pessoa ser nomeada e ficar 25, 30 anos na Suprema Corte é muito tempo, uma vida praticamente”, pontuou.
Questionado sobre o que esperar do próximo governo, Mourão disse que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá muitas dificuldades para governar e que o governo eleito “vai meter os pés pelas mãos”, em relação a mudanças econômicas que estão sendo projetadas. O vice criticou a intenção do governo eleito de furar o teto de gastos em R$ 175 bilhões com a PEC da Transição. Mourão chamou a manobra de “PEC Super Kamikaze” e disse que é justificável ultrapassar o limite de despesas federais apenas para a manutenção do Auxílio Brasil e um aumento real do salário mínimo.