Bento Albuquerque afirma que medida não gera economia, mesmo diante da crise de escassez hídrica no país
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, descartou nesta quinta-feira a volta do horário de verão, mesmo diante da maior crise hídrica no país.
“O ministério fala pelo lado da economia de energia e o horário de verão não se faz necessário no que diz respeito a economia de energia”, afirmou após a inauguração de usina térmica em São João da Barra (RJ).
Embora a avaliação seja de que a medida não traz benefícios para redução da demanda, O MME (Ministério de Minas e Energia) havia afirmado que estava em análise estudo elaborado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) sobre a questão diante da crise de escassez hídrica no país.
Em documento enviado ao presidente Jair Bolsonaro no início de setembro, as entidades argumentam que qualquer economia de energia seria relevante diante da gravidade da crise hídrica que o país enfrenta. Também alegam que a adoção do mecanismo pode beneficiar os setores que representam.
O ministério disse ainda que tem estudado iniciativas para o deslocamento do consumo de energia elétrica dos horários de maior consumo para os de menor, de forma a otimizar o uso dos recursos energéticos.
“Nesse sentido, a contribuição do horário de verão é limitada, tendo em vista que, nos últimos anos, houve mudanças no hábito de consumo de energia da população, deslocando o maior consumo diário de energia para o período diurno. Assim, no momento, o MME não identificou que a aplicação do horário de verão traga benefícios para redução da demanda”, explica a pasta em nota.
Porém, foi solicitado ao ONS que reexaminasse a questão diante da atual conjuntura de escassez hídrica, considerando os estudos já realizados.
Histórico
Criado com a finalidade de aproveitar o maior período de luz solar durante a época mais quente do ano, o horário de verão foi instituído no Brasil em 1931 pelo então presidente Getúlio Vargas e adotado em caráter permanente a partir de 2008.
No entanto, mudanças nos hábitos do consumidor e avanço da tecnologia reduziram a relevância da economia de energia ao longo dos anos. Esse foi o argumento usado pelo governo para extinguir a medida, em abril de 2019.
À época, estudo do Ministério de Minas e Energia apontou que não havia economia de energia tão relevante. Isso porque, como o calor é mais intenso no fim da manhã e início da tarde, os picos de consumo aumentam nesse horário durante o verão, o que leva as pessoas a usarem mais o ar-condicionado.
Correio do Povo