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sábado 23 novembro 2024
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Ministro da CGU chama senadora de “descontrolada” e inicia bate-boca

Wagner Rosário passará a constar no relatório da CPI como investigado

Foto: Leopoldo Silva / Agência Senado / CP

O ministro da Controladoria geral da União, Wagner Rosário, deu início a um bate boca em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, depois de ter chamado a senadora Simone Tebet (MDB-MS) de descontrolada.

A sessão foi suspensa por 10 minutos pelo presidente Omar Aziz (PSD-AM).

Ao chamar Tebet de descontrolada, Wagner gerou revolta entre senadores que o chamaram de machista. O senador Otto Alencar o chamou de moleque. Depois de retomada a reunião, Aziz pediu para que Wagner passe a constar no relatório da CPI como investigado e não mais como testemunha.

A senadora usava seu tempo de fala para expor inconsistências em relação às afirmações do ministro em uma entrevista coletiva sobre as invoices (notas fiscais internacionais) da empresa Precisa Medicamentos no âmbito do contrato com o governo para venda de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin.

A postura do ministro em relação à senadora gerou revolta dos demais parlamentares, que o acusaram de machismo. Um bate-boca intenso foi iniciado, e parlamentares da CPI chegaram a pedir a prisão do ministro. O senador Otto Alencar (PSD-BA) o chamou de “moleque”. A confusão começou depois que o ministro respondeu Tebet, dizendo que ela deveria reler os documentos que haviam sido expostos por ela. Dentre os documentos, um deles mostrava que servidores da CGU alertaram sobre problemas na importação da Covaxin, dentre eles a tentativa de pagamento antecipado.

“Bem, senadora, com todo respeito à senhora, eu recomendo que a senhora lesse tudo de novo, porque a senhora falou uma série de inverdades aqui”, disse Rosário. Tebet respondeu dizendo: “Não faça isso. O senhor pode dizer que eu falei inverdades, mas não me peça para fazer algo, porque eu sou senadora da República”. O ministro insistiu: “Releia. A senhora me chamou de engavetador, falou o que quis”. Em seguida, Tebet afirmou que ele estava se comportando como um “menino mimado”.

“Não me chame de menino mimado, eu não lhe agredi. A senhora está totalmente descontrolada”, rebateu o ministro. A partir do momento, diversos senadores começaram a falar ao mesmo tempo, chamando-o de machista. Um dos advogados do ministro se aproximou do presidente Omar Aziz (PSD-AM), logo após ele anunciar que a sessão estava suspensa por 10 minutos, e falou algo que não foi possível identificar.

“Saia de perto de mim. Não lhe dou o direito de vir aqui, não”, gritou Aziz. Em seguida, o senador Otto Alencar se levantou e se aproximou de Rosário, apontando o dedo. O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE) afastou Otto e o senador Rogério Carvalho (PT-SE).

Depoimento

Mais cedo, Omar Aziz chamou Wagner Rosário de petulante durante a reunião do colegiado. O chefe da CGU bateu boca com senadores durante diversos momentos do depoimento e desafiou a CPI a provar que houve prevaricação na atuação do órgão em meio às suspeitas de corrupção no governo do presidente Jair Bolsonaro.

Em depoimento à CPI, Wagner Rosário afirmou que a CGU só recebeu informações sobre a relação entre o lobista Marconny Faria e o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias em julho deste ano. Além disso, afirmou que soube das suspeitas de irregularidades na compra da Covaxin apenas em junho de 2021, pela imprensa.

Na fala, Rosário alegava que não havia informações prévias sobre irregularidades na compra da Covaxin e na atuação de integrantes do governo na aquisição de vacinas contra a Covid-19.

Omar Aziz questionou o fato de a CGU ter informações sobre mensagens investigadas desde setembro do ano passado. “Cê não passa um scanner na hora da busca e apreensão e saem os dados aparecendo, não. Tem que ter análise, tem que levar tempo”, justificou Wagner Rosário.

Logo em seguida, o senador Otto Alencar (PSD-BA) reagiu à declaração do ministro. “Muito petulante, hein, presidente?”. Na sequência, Omar Aziz afirmou com o som do microfone desligado: “petulante pra c…”. O áudio vazou na transmissão da TV Senado. A declaração não entrou nas notas taquigráficas da CPI.

O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, foi ouvido pela CPI da Covid-19 nesta terça-feira. Originalmente, ele falaria sobre supostos desvios de recursos enviados pela União para estados e municípios, mas o presidente da CPI, Omar Aziz, quis mais explicações de Rosário sobre suposta prevaricação da CGU diante de negociações supostamente irregulares no Ministério da Saúde. A presença de Wagner Rosário na CPI foi um requerimento do senador Eduardo Girão (Podemos-CE).

Aziz pediu na quarta-feira passada a inclusão do nome do ministro Wagner do Rosário no relatório final da comissão por suposta prevaricação. O pedido veio depois que Marconny Nunes Ribeiro Albernaz de Faria, apontado pelos senadores como lobista da empresa Precisa Medicamentos, disse que a CGU participou ao lado da Polícia Federal de uma operação no Pará que teve ele como alvo, no ano passado. “Inclusive, na busca e apreensão, eles estiveram na minha casa”, disse Albernaz.

Correio do Povo




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