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sábado 23 novembro 2024
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Memórias de Sarandi: Fra Giovanni – Humberto Tesser Paris

MEMÓRIAS DE SARANDI 43

Época: Década de 1940

Humberto Tesser Paris

A imagem pode conter: céu, casa, árvore, planta e atividades ao ar livre

FRA GIOVANNI

Esta é mais uma história contada pelo meu irmão Artemio Paris.

Havia um italiano chamado Fra Giovanni que morava no que o Atemio definiu como um barracão, na avenida Expedicionário entre a casa da Dona Nana e onde morou depois o professor Rosin.

Meu irmão acha que o Fra era de frade, pois ele tinha uma barba grande e esbranquiçada.

O Fra Giovanni fazia restaurações de imagens de santos (estátuas) e havia algumas que podiam ser vistas em seu ateliê.

Ele possuía um curioso caderninho com folhas douradas que eram usadas nas restaurações, que despertavam o interesse dos guris.

Contudo, Sarandi não era a Itália, não havendo assim trabalho suficiente para lhe prover o sustento.

Ele tinha uma carroça e um cavalo e andava pelas colonias adquirindo nozes e as armazenava no canto de uma sala, formando um grande monte.

De tempos em tempos elas eram enviadas para venda na capital Porto Alegre.

Mas aquele monte de nozes era tentador e piazada, a qual o Artemio se incluía, entrava no barracão para roubá-las.

Uma vez ele estava entrando furtivamente e o Fra Giovanni, percebendo, escondeu-se atrás da porta. Quando botou a mão na porta, o Fra bateu de leve com a bengala nos dedos do Artemio, que, assustado, saiu correndo.

O Fra, com ar de satisfação e não de brabeza, ficou dizendo:

“Ó pilhato, ó pilhato”.




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