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segunda-feira 29 abril 2024
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Memorias de Sarandi 15 – A Curva – Humberto T Paris.

MEMÓRIAS DE SARANDI 15

Época: Década de 1960

Humberto Tesser Paris

Foto – RogérioMachado

 

A CURVA

Em Sarandi existe um riacho que inicia onde era o colégio das freiras, por isso se dizia que era sagrado. A medida que vai adentrando na cidade, ora a céu aberto, ora em tubulações subterrâneas ele vai se tornando impuro, em amplo sentido. No final ele deságua no rio Bonito, também chamado rio Caturete (Caturete), em um ponto que era denominado de “curva” (do rio). Este local foi utilizado como balneário por longo tempo. Meus irmãos mais velhos Arthemio, Antonio e Luis Carlos pegaram essa época. Um pouco mais abaixo da “curva”, era utilizado para se lavar roupa, no tempo em que não havia água encanada em Sarandi.

A medida que o tempo foi passando, com o riacho que ia colhendo esgoto da cidade, com resíduos do frigorífico e do curtume que eram jogados no rio, o local ficou impróprio para banho.

QG DAS BICICLETAS

No seu início, O riacho passa nos fundos do terreno da casa onde eu morava, na rua Paulo Dall’Óglio. Quase no final ele passa próximo a casa onde o Fernando Piccinini morava, na rua Bortolo De Marco. Lá pelo final dos anos 1960, o Fernando convidou eu e o Kiko Giordani para estabelecermos um QG das bicicletas no porão de sua casa. Mais tarde também ingressou o Tadeu Kreling. Porém o acesso ao porão era dificultado, pois havia o riacho, que já era mais volumoso e precisava de uma ponte para atravessá-lo.

Os fundos do terreno da casa do Fernando, dava para os fundos do Hotel dos Viajantes, que, na época, recém havia sido demolido. O Fernando arquitetou o plano da ponte e eu, que estava mais disponível, ajudei a implementá-lo. Conseguimos dois caibros, uma porta e algumas tábuas e construímos a ponte e o acesso ao porão ficou resolvido.

PEGA-PEGA

Nesse período havia uma brincadeira de pega-pega de bicicleta, onde um deveria pegar um dos outros participantes para passar a vez e era realizado de noite.Numa dessas brincadeiras, eu fiquei de ser o pegador. Os outros sairam um para cada lado e eu escolhi sair atrás do Tadeu, que tratou de dificultar ao máximo minha intensão. Ele subiu a rua Duque de Caxias, desceu a lomba do esfria saco e seguiu a toda em direção ao trevo da cooperativa. Um pouco antes do trevo ele dobrou a esquerda, andamos um pouco e demos de cara com um acampamento de ciganos. Veio a mente que ciganos roubavam criancinhas. Éramos já adolescentes, mas pra via das dúvidas combinamos de parar a brincadeira. Aquelas alturas os outros haviam sumido e resolvemos rumar cada um pra sua casa.




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