Após o lançamento na última Expointer, a Federação das Associações de Meliponicultores do Estado do Rio Grande do Sul (Femers), como representante legal do setor no Estado, lança uma carta aberta, assinada pelo seu presidente, Nelson Angnes, à sociedade gaúcha, com a defesa da atividade.
Segundo o documento, há um avançado grau de intervenção humana nos processos ecológicos essenciais que sustentam a vida e a biodiversidade, fato que tem causado, além de insegurança e apreensão aos povos, a extraordinária degradação dos “habitat” e ecossistemas, como a extinção em massa cada vez mais contundente e veloz das espécies, sobretudo dos polinizadores.
A nota ainda lembra que tal degradação decorre, em grande parte, do modelo de agricultura industrial químico-dependente praticado no Brasil, com ênfase nos impactos causados pelo uso massivo e indiscriminado de agrotóxicos “que faz de nosso país o campeão mundial de consumo destes biocidas, muitos deles proibidos em seus países de origem.
Além disso, o documento lembra que espécies polinizadoras, em especial as abelhas da Subfamília Meliponinae (Família Apidae), conhecidas popularmente como abelhas-sem-ferrão, com cerca de 300 espécies já descritas, prestam o serviço ecossistêmico de suporte (polinização) de grande magnitude e relevância à biodiversidade, aos biomas, aos ecossistemas e ao conjunto das espécies, inclusive à espécie humana, que deles dependem para produzir e se alimentar”.
O comunicado da Femers reforça também os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), em especial o segundo objetivo “Fome zero e agricultura sustentável”, que visa a erradicar a fome, a alcançar a segurança alimentar, a melhorar a nutrição e a promover a agricultura sustentável, dado que através da atividade polinizadora as abelhas-sem-ferrão contribuem decisivamente para o incremento da maioria dos cultivos agrícolas, aumentando a produção e a qualidade das sementes e conferindo maior peso e qualidade de grãos e frutos da agricultura.
A entidade frisa também, em sua nota, que do ponto de vista socioambiental, não é mais possível dissociar a relação entre economia, natureza e sociedade, “pilares de um necessário e urgente modelo alternativo de desenvolvimento que respeite a vida em todas as suas formas, o meio ambiente, as populações e comunidades tradicionais e originárias, tomadas em seu conjunto, e se estruture nos paradigmas da ecologia, da justiça ambiental, da agroecologia, do socioambientalismo, da ética ambiental e da sustentabilidade, esta concebida não como um atributo de um determinado tipo de desenvolvimento, mas como um projeto de sociedade alicerçado na consciência crítica do que existe e um propósito estratégico como processo de construção do futuro, importando a sustentabilidade em transformação social.
A Femers também salienta, na carta, que no que se refere à meliponicultura, a Emater estima que a cadeia produtiva de mel e produtos derivados das abelhas-sem-ferrão, como própolis, cera, cerume, cosméticos e demais meliprodutos, reúna atualmente no Estado do Rio Grande do Sul, um universo de mais de 16 mil famílias em atividade, faz-se necessário não só identificar, fortalecer e resguardar essa atividade de cunho socioambiental, como fomentá-la e elevá-la a uma posição compatível com sua importância econômica e ecológica, sobretudo do ponto de vista das políticas públicas.
Por fim, a Femers reafirma em seu documento que “envidará todos os esforços para, em conjunto com a Associação Brasileira das Entidades da Meliponicultura (Abrem) – também lançada na Expointer -, em cumprimento de seus objetivos e finalidades sociais, adotando os ítens expostos como sua matriz valorativa, promover e representar os meliponicultores do Estado do Rio Grande do Sul, fomentar e promover o associativismo meliponícola, bem como fortalecer a cadeia de comercialização de mel e meliprodutos no Estado do Rio Grande do Sul.
Correio do Povo/Radio Guaiba